TIPOS DE PESQUISA:
PESQUISA-AÇÃO
A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa (de caráter empírico) que investiga problemas emergentes dos interesses do grupo participante. Trata-se de uma forma de pesquisa social que você pode utilizar se quiser desenvolver ações ou resolver um problema coletivo, envolvendo os participantes representativos da situação ou do problema investigado de modo cooperativo e participativo. Geralmente este tipo de pesquisa supõe uma forma de ação planejada, de caráter social, educacional, técnico etc...
Dessa interação é que resulta a ordem prioritária dos problemas encontrados nas ações e em todas as atividades intencionais dos participantes da situação.
Quando se trata de investigar, na comunidade, Sharp (1988) alerta que “a investigação em comunidade é a antítese do ato de meramente procurar a “resposta do professor”. Alguns hábitos têm de ser desenvolvidos: capacidade de trabalhar duramente, atenção para os detalhes, objetividade, aversão por falsidade e por manipulação, interesse por melhores meios de raciocinar, disposição em acolher alternativas e respeito por cada um dos membros da classe e por seus pontos de vista. E, o mais importante, devemos estar dispostos a rever uma opinião se os rumos da investigação o exigirem.” Esse lembrete deve ajudar você, se optar pela pesquisa de que estamos “falando” ou pela próxima que vamos comentar!
A pesquisa ação pode ser utilizada como aplicação nas áreas de comunicação política, comunicação alternativa, comunicação rural, formas de expressão artístico-cultural ou artística, como forma de trabalho preparatório para uma campanha de explicação acerca de algum assunto de grande relevância social, política ou educacional, objeto de debates públicos, representando uma contribuição específica em matéria de discurso ou de comunicação alternativa a respeito dos quais os métodos convencionais têm pouco a oferecer.
PESQUISA PARTICIPANTE
Pode acontecer de você encontrar bibliografias que tomem pesquisa-ação e pesquisa participante como sinônimos. Afinal, ambas envolvem um modo cooperativo de agir. Então, como diferenciá-las? Vamos ver?
Estas duas pesquisas não podem ser confundidas. A da participação dos envolvidos uma ação planejada, seja de caráter social, educacional ou técnico, que nem sempre se encontra em propostas de pesquisa participante. Ela se baseia numa metodologia de observação participante em que os pesquisadores estabelecem relações com pessoas ou grupos envolvidos na situação investigada mais especificamente na tentativa de se fazerem aceitos pelo grupo considerado.
Se você optar por este tipo de pesquisa, lembre sempre isto: assim como a pesquisa-ação, a pesquisa participante caracteriza-se pela interação entre os pesquisadores e os membros das situações investigadas, porém não é exigida uma ação por parte das pessoas ou grupos especificados na sua pesquisa. Esse envolvimento é essencial na pesquisa-ação!
Na pesquisa participativa, o tema que você escolher deverá indicar, de partida, a fundamentação teórica que orientará uma pesquisa em que os indivíduos a serem observados passam a constituir, eles próprios, o objeto máximo de estudo. Você deverá procurar promover a participação de todos, mergulhando profundamente na cultura e no mundo dos sujeitos de pesquisa.
PESQUISA EXPERIMENTAL
A pesquisa experimental é a forma de pesquisa em que o pesquisador trabalha diretamente com variáveis, ou seja, aspectos, propriedades ou fatores relacionados com o objeto investigado para eliminar as ameaças à validade de seu estudo experimental e determinar a interação entre as variáveis que precisam ser controladas para a explicação das causas e efeitos do fenômeno estudado. O pesquisador deve, além de mencionar e fixar com exatidão os métodos e as técnicas de controle que utiliza no trato das variáveis, expor em detalhes os recursos que pretende utilizar para operar tais controles.
As pesquisas experimentais compreendem, desse modo, investigações de base fundamentalmente positivista, pouco utilizadas nas ciências sociais, mas muito importantes nas ciências naturais. Já foram muito aplicadas na educação. Atualmente, porém, a crítica a elas endereçada deve-se ao fato de que têm seus fundamentos sustentados em práticas positivistas, utilizando métodos quantitativos que recorrem à experimentação e seguem passos terminantemente estratégicos para que a pesquisa possa realizar-se: elaboração do problema, marco teórico, formulação da hipótese, verificação das hipóteses e conclusões e resultados.
O importante é dizer que as pesquisas experimentais continuam sendo básicas para as ciências naturais e para o avanço do pensamento científico no que a elas diz respeito. Já existe, no entanto, expressiva caminhada no sentido de conciliar a prática essencialmente empirista dessas pesquisas, realizadas por instrumentos padronizados e mediante uma linguagem de variáveis, com abordagens qualitativas que se aprofundem nos significados e nas relações dos fenômenos estudados, não percebidos ou captados por tabelas, gráficos, médias e estatísticas.
PESQUISA ETNOGRÁFICA
Esta pesquisa baseia-se na observação direta do comportamento e do desenvolvimento humanos – individual e grupal – e na produção de uma descrição escrita do resultado da observação, mantendo uma dimensão ampla e compreensiva dos fenômenos tratados em seu enfoque cultural. A idéia de cultura é central para a pesquisa etnográfica.
Na investigação, as técnicas utilizadas, especialmente a observação participante que vamos ver mais à frente, permitem ao pesquisador um maior controle sobre sua investigação e uma visão minuciosa dos elementos e das relações importantes situadas em contextos específicos, que estão presentes no cotidiano do grupo investigado. Muitas vezes estas pesquisas são realizadas em trabalho de campo prolongado, cujas situações são descritas pelo investigador, para delas extrair os significados que t6em para as pessoas que pertencem à realidade focalizada, sem interferir no recorte de estudo.
A descrição das esculturas é o objetivo central para que a experiência concreta da vida dentro de uma cultura particular seja investigada em detalhes. É dada grande relevância ao estudo do conjunto de crenças, valores, estilos de vida, visões de mundo e modos de viver de grupos sociais ou mesmo de segmentos da população. O pesquisador etnográfico, além da prática das observações sistemáticas de campo, relatos, entrevistas e outros tipos de procedimentos, utiliza-se muito de narração, descrição, interpretação e compreensão, aplicadas à análise de seu objeto de estudo, para conduzir suas investigações.
A pesquisa etnográfica busca explorar a capacidade que cada ator social possui de aprender novas culturas, sendo bastante utilizada nas ciências sociais, especialmente na Antropologia.
PESQUISA EMPÍRICA
A pesquisa empírica é dirigida basicamente para as ações experimentais e observáveis dos fenômenos investigados pelo pesquisador, que deve manipular dados, informações e fatos concretos sobre o objeto estudado, buscando traduzir os resultados em dimensões que possam ser medidas.
A importância da abordagem quantitativa neste tipo de pesquisas é que tais investigações se dedicam a “decodificar” a face mensurável da realidade humana e social. O pesquisador aplica os conhecimentos, os instrumentos teóricos, metodológicos e práticos que já adquiriu em pesquisas teóricas, metodológicas e práticas, testando-os, verificando-os e comparando-os com os dados da realidade, buscando conduzir a teoria para sua aplicação imediatamente prática.
Embora seja esse seu grande significado e seu melhor mérito, alguns autores, como Demo (1995), criticam a supervalorização dada muitas vezes à pesquisa empírica. Para o autor, “não há metodologia mais superficial e medíocre que o empirismo, porque crédulo. Acredita na realidade que observa”.
E isso, o que significa? Significa dizer que a realidade não é somente empírica, ou seja, aquela percebida através de dados e informações observáveis, quantificáveis, mensuráveis. É preciso saber que as coisas mais relevantes da realidade não se manifestam logo à primeira vista e muito freqüentemente há dimensões dessa mesma realidade que escapam à mensuração.
Se numa pesquisa empírica, considerarmos apenas o que pode ser medido, estaticamente analisado, acabamos apreendendo o superficial e perdemos o essencial. No entanto, bem utilizada, a pesquisa empírica contribui para que não nos percamos em “devaneios” ou teorizações excessivas na orientação de nosso estudo. Ao deixarmos de priorizarmos tabelas, índices e dados irrelevantes, ou não nos preocuparmos tanto em realizar testes estatísticos em dimensões distantes de nosso problema de investigação, descrevendo fenômenos, sem explicá-los, podemos utilizar nossa coleta de dados de uma forma diferente e mais adequada. Como fazer isso?
De um lado, apoiando-nos em uma base teórica, metodológica e prática mais ampla e, de outro lado, explicando, compreendendo e desnudando a realidade estudada através da utilização desses dados, informações etc., confrontando-os com a realidade para melhor explicá-la, compreendê-la e transformá-la.
Por isso mesmo, a realidade que queremos pesquisar não é somente empírica , ou seja, percebida através de dados e informações observáveis, quantificáveis ou mensuráveis.
As pesquisas empíricas são bastante utilizadas em estudos nas áreas das ciências naturais (Biologia, Física, Química, Física etc.).
PESQUISA SOCIAL
Este tipo de pesquisa, recebe tal denominação para caracterizar as atividades de investigação cujo objeto de estudo tem um caráter predominantemente histórico. Da mesma forma, este tipo de pesquisa tem por fundamento a prática social. Isso quer dizer que o pesquisador social deve estar atento à especificidade de seu objeto, que é diferente de outros objetos ou fenômenos estudados, e ao dinamismo e às transformações com as quais ele está envolvido.
Na pesquisa social, a relação que estabelecemos com o campo de estudo é algo que se instaura definitivamente na busca que você deve fazer para penetrar na dimensão sócio-histórica do seu objeto, com o significado desse objeto para a existência da sociedade. Se optarmos por este tipo de pesquisa, precisamos saber que ela exige uma identidade entre você e seu objeto de investigação, de tal modo que ambos estejam intimamente imbricados. Significa a possibilidade concreta de tratarmos de uma realidade da qual nós próprios, enquanto seres humanos, somos agentes” ( Minayo, 2000).
Embora seu objeto seja essencialmente qualitativo, a pesquisa social pode utilizar métodos quantitativos, desde que possibilitem acompanhar valores, atitudes e opiniões da sociedade, incluindo relações raciais, religião, cultura, política, violência, comportamento sexual, direito civil e desigualdade social, entre outros temas. É, porém, com seu caráter especificamente qualitativo que esta pesquisa tem contribuído para disseminar e consolidar, no campo das ciências sociais brasileiras, o ensino e a pesquisa, incentivando a prática da pesquisa social, na qual alguns autores estão preocupados com o desenvolvimento dos professores, outros com teorias de educação e outros com questões sociais relacionadas com mudança sociais e educacionais como melhoria, reforma e inovação do ensino.
PESQUISA TEÓRICA
A pesquisa teórica é uma outra forma de pesquisa que reside na formação de quadros teóricos de referência, estudo de teorias e refinação de conceitos que são contextos essenciais para que o pesquisador possa movimentar-se. Esta pesquisa é muito relevante para a sua formação científica.
A importância da pesquisa teórica tem o seu papel bem definido como fundamento que orientará a sua pesquisa e é um componente indispensável a qualquer tipo de pesquisa. Eco (1996) explica-nos que “uma tese teórica é aquela que se propõe a atacar um problema abstrato que pode já ter sido ou não objeto de outras reflexões”. O bom teórico não é portanto, apenas aquele que acumulou erudição teórica, ou seja, que leu muito, que sabe citar bem e tem uma refinada caminhada teórica, mas, sobretudo, é aquele que tem percepção crítica da produção científica, que busca refletir de uma forma mais constante e com mais rigor, objetivando produzir em si uma personalidade própria de quem caminha com os próprios pés, com autonomia.
Não ter domínio de referência manifesta-se imediatamente em um traço de “pobreza científica”, repercutindo na falta de instrumentos de trabalho, em desorientação nas discussões, em não saber por onde começar a trabalhar. Torna-se difícil realizar uma monografia, escrever um trabalho de final de curso, fazer um anteprojeto e mesmo escrever um simples artigo de revista ou uma reportagem. A preocupação com o referencial teórico é algo que você deve ter sempre consigo!
Algumas formas de pesquisa teórica que comumente são utilizadas são a pesquisa dos clássicos de determinada disciplina, que carregam em si a acumulação já realizada de conhecimento, as questões polemizadas, a concretização de práticas já reconhecidas de investigação, discussões mais atuais em torno do assunto, entre outras conquistas, e pesquisa da bibliografia fundamental ( atualizada), por meio da qual tomamos conhecimento da produção existentes. O domínio dos autores pode nos ajudar muito em nossa criatividade, porque, por meio deles, chegamos a saber o que deu certo, o que não deu certo, o que poderia dar certo etc.
“Falar” em pesquisa teórica lembra-nos de que a palavra “teoria”, em sua etimologia grega, significava “observar”, “contemplar”. Assim, mesmo os instrumentos utilizados na pesquisa, como o questionário e a entrevista, que utilizaremos para a coleta de informações, devem ser sempre iluminados pelos conceitos de uma teoria que podemos encontrar nos livros, revistas, jornais, filmes, slides, fotos, CDs, fitas e outros recursos.
A abordagem teórica, embora seja uma prática que a pesquisa positivista não considere essencial, demonstra o estado de amadurecimento intelectual e cultural do pesquisador em determinada produção. Apoiado num conjunto de conceitos, de idéias bem fundamentadas, de alguma maneira, ele está iluminando com muito mais rigor a realidade que está estudando tendo, sem dúvida, que depreender maior esforço, mas, ao mesmo tempo, ganhando uma maior segurança para realizar sua ação de pesquisa.
Antes de iniciar sua pesquisa, consulte o que existe produzido a respeito do que quer investigar. Você pode fazer antes uma busca bibliográfica ou uma revisão da literatura que você tem à mão para familiarizar-se, em maior profundidade, com o assunto de seu interesse. Pensamos, como Trivinõs (1987), ser preferível que você trabalhe, em sua pesquisa, “com fragmentos de teorias parcialmente a ter carência de qualquer referência teórica”.
PESQUISA DE CAMPO
A pesquisa de campo é assim denominada porque os trabalhos de “coleta de dados” pelo pesquisador são efetuados em campo, ou seja, onde acontecem espontaneamente os fenômenos pesquisados, sem a interferência do pesquisador sobre eles. Este tipo de pesquisa representa uma possibilidade de o pesquisador conseguir não só uma aproximação mais íntima com o que deseja investigar, mas também a possibilidade de conhecer e produzir conhecimento a partir das situações encontradas no campo.
Para Marconi (1990), “pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles”. Minayo (2000), por sua vez, concebe campo de pesquisa como o recorte que o pesquisador faz em termos de espaço, o que significa o recorte de uma realidade empírica que quer investigar a partir das escolhas teóricas feitas para tratar o objeto de investigação.
A pesquisa de campo é caracterizada como pesquisa experimental. É até possível realizar pesquisa de campo experimental em determinados casos, mas não quer dizer que a pesquisa de campo tenha que necessariamente caracterizar-se como experimental.
A pesquisa de campo pode ser tanto realizada numa abordagem quantitativa quanto qualitativa, uma vez que são muitas as possibilidades e os limites das realidades existentes no cotidiano social, permitindo que você disponha de uma grande variedades de procedimentos e de descobertas.
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
A pesquisa bibliográfica consiste na procura de referências teóricas publicadas em livros, artigos, documentos etc., para que o pesquisador que procura explicar um problema a partir das referências publicadas em tais materiais tome conhecimento e analise as contribuições científicas ao assunto em questão.
Por ser de natureza totalmente teórica, a pesquisa bibliográfica é parte obrigatória de outros tipos de pesquisa e é por meio dela que tomamos conhecimento acerca da produção existente e nos atualizamos constantemente. O domínio dos autores pode ajudar na criatividade do pesquisador porque, por meio desses mesmos autores, ele chega a saber o que foi produzido de importante sobre seu objeto de pesquisa e sobre os avanços realizados a respeito dele. Além disso, a pesquisa bibliográfica consegue colocar à nossa frente a “paixão” por nosso objeto de investigação e consegue nos apontar os autores envolvidos com o horizonte de nosso interesse.
A pesquisa bibliográfica pode ser realizada independentemente ou, também, como parte da pesquisa descritiva ou experimental, que vamos estudar mais à frente, quando é feita com o objetivo de recolher informações e conhecimentos prévios acerca de um problema para o qual procuramos resposta ou acerca de uma hipótese ou questão que queremos verificar. Em ambos os casos, buscamos conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas existentes sobre determinado assunto, tema ou problema.
É importante saber que a pesquisa bibliográfica abrange toda a bibliografia já tornada pública em relação o tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico (mapas) e os meios de comunicação como rádio, gravações em fita magnética até audiovisuais ( filmes e televisão) entre outros.
PESQUISA DOCUMENTAL
À pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental vale-se de materiais que ainda não receberam nenhuma análise mais aprofundada. Este tipo de pesquisa visa, assim, a selecionar, a tratar e a interpretar a “informação bruta”, por assim dizer, buscando dela extrair algum sentido e introduzir-lhe algum valor, podendo, desse modo, contribuir com a comunidade científica a fim de que outros possam voltar a desempenhar o mesmo papel futuramente.
A realização deste tipo de pesquisa constitui-se, além disso, numa forma de organização e gestão da informação que muitas vezes se encontra dispersa ou que não foi submetida a uma investigação mais criteriosa, indispensável a quem queira sistematizá-la e conferir-lhe uma nova importância como fonte de consulta, sem correr o risco de estudar o que já está estudado, tomando como original o que outros já fizeram antes.
Nesta linha de preocupação, é muito importante que você tenha clareza acerca da necessidade de uma severa disciplina pessoal que é exigida ao realizar uma pesquisa deste tipo, devido à responsabilidade que o pesquisador tem como gestor das informações encontradas, estando consciente dos fatores que estão implicados na autenticidade e na validade dos dados levantados e da sua própria interpretação desses mesmos dados.
É preciso ter em mente, que nem sempre os documentos retratam a realidade. Por isso, é importantíssimo tentar extrair das situações as razões pelas quais os documentos foram criados. Os documentos podem fornecer “pistas’sobre outros elementos. Locais como bibliotecas e arquivos públicos e privados são ricos neste tipo de documentação. Para muitos estudos, torna-se necessária a consulta de documentos oficiais, documentos pessoais, jornais, publicações e outros materiais de natureza diversa. A consulta a enciclopédias, dicionários e vocabulários especializados é também de grande utilidade, uma vez que tais fontes, freqüentemente, contêm indicações de outras referências bibliográficas que poderão ser úteis a você.
ESTUDO DE CASO
O “estudo de caso” tem um conceito amplo, mas, de modo geral, é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um de poucos objetos, de maneira que permita uma investigação ampla e detalhada do objeto de estudo, sendo um a prática importante sempre que os limites entre determinados fenômenos e o seu contexto não tiverem muito claros. Para tanto, é utilizada uma variedade de fontes de dados para relatar a realidade de forma completa e com uma linguagem mais acessível.
Este tipo de investigação caracteriza-se, ainda, por apresentar grande flexibilidade, sendo impossível estabelecer um roteiro rígido que determine com precisão como deverá ser desenvolvida a pesquisa. Na maioria dos “estudos de caso”, porém, é possível distinguir as seguintes fases: delimitação da unidade-caso, coleta de dados, análise e interpretação dos dados e, ainda redação do relatório.
O “estudo de caso” tem por objeto de pesquisa uma “unidade” que busca analisar profundamente. Por essa razão, cabe lembrar que, embora este tipo de estudo se processe de forma relativamente simples, pode exigir do pesquisador um nível de capacitação mais elevado que o requerido para outros tipos de delineamento, devido à dificuldade de generalização dos resultados obtidos, quando a unidade escolhida para a investigação for mais complexa em relação a outras.
O “estudo de caso” não separa o fenômeno estudado do seu contexto, que é estudado profundamente, ao contrário do que acontece com a pesquisa experimental. O importante é que o “estudo de caso” enfatize a interpretação do contexto e procure representar os diferentes e até mesmo conflitantes pontos de vista, e que a complexidade do exame aumente à medida que o pesquisador se aprofundar no assunto.
Para realizar este tipo de pesquisa e evidenciar a realidade a ser estudada, o pesquisador utiliza a observação, observação direta, observação participante e também o uso de fotografias, gravações, documentos, anotações e negociações com os participantes do estudo. As entrevistas constituem a principal fonte de evidência de um “estudo de caso”. Trata-se de relatos verbais sujeitos a problemas de viés, recuperação de informações e/ou de articulação imprecisa.
Na forma de pesquisa, o “estudo de caso” tem sido largamente usado na investigação em ciências sociais, nomeadamente na Sociologia, nas Ciências Políticas, na Antropologia, na História, na Geografia, na Economia e na Educação. Desde então, questões relativas a sua abordagem na área da Educação v6em sendo levantadas e discutidas. Atualmente, o “estudo de caso” é adotado na investigação de fenômenos das mais diversas áreas do conhecimento.
Existem alguns argumentos que são comuns em críticos do “estudo de caso”, tais como falta de rigor, influência do investigador, falsas evidências, visões viesadas, o fornecimento de pouquíssima base para generalizações e a grande extensão dessas pesquisas que demandam muito tempo para serem concluídas. As respostas a essas críticas giram em torno de que o “estudo de caso” deve ser um retrato vivo da realidade educacional em suas múltiplas dimensões, ou seja, dentro de sua emaranhada complexidade, buscando considerar o máximo de fatores possíveis sem dar maior relevância a nenhum, já que todos os fatores imagináveis influem e são determinantes ao estudo que está sendo desenvolvido.
SEGUNDO SEUS RESULTADOS
Pesquisa exploratória
Pesquisa descritiva
Pesquisa explicativa
A pesquisa exploratória visa a proporcionar uma maior familiaridade com o problema investigado, sendo utilizada quando existe pouco conhecimento sobre o assunto, com vistas a torná-lo mais claro ou a construir hipóteses ou questões importantes à condução da pesquisa. Trata-se de aprofundar conceitos preliminares, muitas vezes inéditos e interessantes, sobre uma determinada temática, de uma forma mais subjetiva e interpretativa com vistas a tornar a realizada focalizada mais explícita. É um estudo bastante produtivo para quem quer levantar características inéditas e novas dimensões a respeito da população-alvo estudada; parte de uma idéia pré-concebida, uma questão de pesquisa ou hipótese que o pesquisador deseja esclarecer e aprofundar.
Podemos dizer que este tipo de pesquisa tem como objetivo principal o aprimoramento de idéias e serve basicamente para aprofundar os conhecimentos acerca do universo pesquisado, utilizando-se de abordagens qualitativas. A pesquisa exploratória se esforça por melhor definir novos conceitos a estudar, apontando também para a melhor maneira de “medi-los” e de evidenciar rapidamente as diversas interações a que está submetido o objeto de estudo. Suas técnicas permitem explorar e trazer à tona um grande leque de possibilidades sobre o tema tratado.
Em síntese, a pesquisa exploratória possibilita a composição de um diagnóstico da situação investigada, além de permitir a utilização de métodos como levantamento de experiências junto aos profissionais que apresentam experiências prática sobre o problema a ser estudado. Ela pode ser usada para os seguintes objetivos, entre outros:
· familiarizar e elevar o conhecimento e a compreensão de um problema de pesquisa em perspectiva;
· auxiliar a desenvolver a formulação mais precisa do problema de pesquisa;
· levantar, anteriormente, informações disponíveis relacionadas a um problema de pesquisa a ser efetuada ou de pesquisa que está em andamento.
A pesquisa exploratória é vista como o primeiro passo de todo trabalho científico. Este tipo de pesquisa tem por finalidade, especialmente quando se trata de pesquisa bibliográfica, proporcionar maiores informações sobre determinado assunto, facilitar a delimitação de uma temática de estudo, definir os objetivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa ou, ainda, descobrir um novo enfoque para o estudo a ser realizado.
A pesquisa exploratória envolve: a) levantamento bibliográfico; b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; c) análise de exemplos que estimulem a compreensão do fato estudado. Constitui um estudo preliminar ou preparatório para outro tipo de pesquisa. Embora o planejamento da pesquisa exploratória seja bastante flexível, quase sempre ela assume a forma de pesquisa bibliográfica ou de “estudo de caso”.
A pesquisa descritiva, por sua vez, visa a observar, registrar, analisar e correlacionar fen6omenos ou fatos em u contexto, procurando descobrir, com a precisão possível, a freqüência com que eles ocorrem, sua relação e conexão com os outros, sua natureza e suas características, sem que o pesquisador interfira neles nem no ambiente analisado. Isso significa que os fenômenos do mundo físico e humano são investigados, sem serem manipulados pelo pesquisador, limitando, dessa forma, sua ação.
Esta pesquisa é ideal se você tem como objetivo fundamental a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, se o seu estudo requer o estabelecimento de relações entre variáveis, isto é, aquelas que visam a estudar as características de um grupo estudado: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental e outros.
Descrever significa identificar, relatar , comparar etc. Assim, a pesquisa descritiva tem como objetivo informar o pesquisador sobre situações, fatos, opiniões ou comportamentos que têm lugar na população analisada. A descrição do objeto analisado busca mapear a distribuição de um fen6omeno na população estudada, seja ela tomada como um todo ou dividida em subgrupos. O objetivo é “descrever”, e a descrição sempre será de uma situação real e específica: certo tipo de entrevistado, em certo local, em certa situação. A análise dos dados freqüentemente permite comparações entre subgrupos e testes estatísticos das diferenças encontradas.
E esta pesquisa possui bem definidos e boa estrutura para soluções de problemas. Fundamenta-se em estudos que consistem na análise e na descrição de características ou de propriedades, ou, ainda, das relações entre essas propriedades e determinados fatos e fenômenos relacionados à determinada realidade, sejam as características de uma certa população, por exemplo, ou o estabelecimento de relações entre variáveis encontradas, estando tudo impregnado dos significados que o ambiente onde o estudo é realizado confere a essas descrições. É o tipo mais usado por pesquisadores das Ciências Humanas e Sociais, preocupados com a atuação prática, podendo assumir diversas formas e, de um modo geral, a forma de um levantamento. A pesquisa descritiva é, também, bastante utilizada por instituições educacionais, partidos políticos, empresas e outras organizações.
Uma das técnicas da pesquisa descritiva mais utilizada é a coleta de dados, rejeitando medidas ou abordagens quantitativas e numéricas, sendo os dados normalmente recolhidos mediante a aplicação de questionários, realização de entrevistas ou recurso à observação da situação real. Os resultados são expressos, por exemplo, em fotografias, em narrativas, usando ilustrações, declarações das pessoas etc. São inúmeros os estudos que podem ser classificados como pesquisa descritiva sendo uma de suas características mais significativas a utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática e instrumentos como a observação e o formulário.
Algumas pesquisas descritivas vão além da simples identificação da existência de relações entre variáveis, objetivando determinar a natureza dessa relação, aproximando-se, assim, da pesquisa explicativa, que vamos estudar a seguir.
A pesquisa explicativa é um tipo de pesquisa mais complexo, que busca aprofundar o conhecimento da realidade. Explicar implica conhecer as relações de causa e efeito. Além de o pesquisador registrar, analisar e interpretar fen6omenos estudados, ele procura identificar seus fatores determinante, ou seja, suas causas, o “porquê” das coisas, buscando “testar” uma teoria e suas relações causais, ou seja, o pesquisador identifica uma relação causal e descreve o “porquê” da existência dessa causalidade.
A prática deste tipo de pesquisa utiliza o método experimental, como nas Ciências Sociais. Se você lembra ainda, a pesquisa experimental é caracterizada pela manipulação e pelo controle das variáveis implicadas nos fenômenos em estudo, podendo, assim, por essa razão, estar mais sujeita a cometer erros, embora apresente levado grau de controle e, aliada a isso, está também a freqüente dificuldade de definição operacional das variáveis.
Os resultados da pesquisa explicativa, embora com seu caráter experimental, contribuem para fundamentar o conhecimento científico, uma vez que ela pode recorrer a recursos como análise documental, observação direta e participante – nas modalidades livres e sistemática, obtenção de depoimentos por meio de entrevistas e experimentos com o objetivo de desvendar processos geralmente encobertos por comportamentos habituais, não explicados em sua origem.