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Há anos cientistas vêm tentando esclarecer a aprendizagem humana. Várias teorias foram tomando formas significativas e hoje podemos citar três destas abordagens: comportamentalista, humanista e cognitivista. As duas primeiras são totalmente contraditórias, enquanto que a terceira busca um consenso entre as anteriores. Na teoria cognitivista os mecanismos pelos quais as crianças constroem representações internas de conhecimentos são construídos socialmente. Vemos nesta abordagem uma contribuição mais significativa sobre a aprendizagem humana. Temos, entretanto, muitos casos de crianças que se negam a aprender, apesar desta capacidade ser inerente ao ser humano. Daí a indagação: Qual o poder do inconsciente no significado dos erros da leitura, na operação de cálculos matemáticos, outros erros acadêmicos? Vemos neste espaço um elo intermediário entre as Teorias de Aprendizagem e a Psicanálise.
O homem tem necessidade de conhecer e transformar o meio que o cerca. Isto porque somos dotados do poder de aprender, de escolher uma entre várias hipóteses possíveis. Podemos comparar várias formas para alcançar um fim, conseguimos elaborar planos, executá-los e avaliar os resultados obtidos. A este conhecer dá o nome de aprendizagem. Esta tem, portanto, um papel fundamental na constituição do ser humano.
Durante muitos anos cientistas de diversas áreas vêm tentando esclarecer como então se dá esta aprendizagem. As teorias concernentes a este tema foram tomando formas mais significativas e hoje podemos citar sumariamente três formas bem distinta da concepção de aprendizagem humana: comportamentalista, humanista e cognitivista.
Na abordagem comportamentalista ou behaviorista o conhecimento é visto como uma reprodução do que acontece no mundo externo. Pois, é originado no empirismo, onde todo o conhecimento provém de experiências, atendendo às mudanças do ponto de vista dos que defendem o tipo de comportamento ideal. Para eles a aprendizagem pode ser observada através de aspectos objetivos mensuráveis.
Os adeptos desta corrente psicológica, defendida principalmente por Skinner, acreditam que aprendizagem depende da relação compreendida entre o estímulo e a resposta. Para alguns dos estudiosos desta corrente teórica, o número de tentativas, a quantidade do reforço, a intensidade do estímulo, a inibição reativa e a inibição condicionada são funções essenciais para a aprendizagem. Outros acrescentam que e freqüência e o estímulo positivo favorecem ainda mais.

A teoria humanista segue uma trilha bem diferente, Carl Rogers, o seu principal teórico coloca que o objetivo maior a ser alcançado pelo homem é a sua auto-realização. Ele valoriza este homem em sua totalidade como indivíduo capaz de sofrer modificações e transformar o seu mundo. Com esta nova visão de ser humano, que defende um potencial natural para aprender, deu-se um grande passo a frente não só no sentido de avançar no campo da Psicologia, mas em algo muito mais profundo. O homem agora era valorizado em seu todo e tinha como objetivo maior a sua auto-realização.
Rogers, indiscutivelmente, inovou e revolucionou os conceitos de ser humano e, desta forma, demonstrou o quanto o homem é capaz de crescendo individualmente, levar o conhecimento ao mundo e as pessoas que a cercam. Mas esta abordagem da aprendizagem aplicada à educação deixa a desejar, pois o cotidiano de uma escola necessita de algumas regras e a idéia de um ensino guiado pelo interesse dos alunos acabou, em muitos casos, por desconsiderar a necessidade de um trabalho planejado, perdendo-se de vista o que deve ser ensinado e aprendido.

Na abordagem cognitivista, que ficou conhecida como psicologia genética e foi defendida principalmente por Jean Piaget, temos aqui que a aprendizagem se dá na interação com o outro, pois o desenvolvimento pessoal é um processo mediante o qual o ser humano assume a cultura do grupo social a que pertence. O desejo do ser mais a experiência humana culturalmente organizada, ou seja, socialmente produzida e historicamente acumulada, não se excluem nem se confundem, mas interagem.
"(...) o conhecimento não é visto como algo situado fora do indivíduo, a ser adquirido por meio de cópia do real, tampouco como algo que o indivíduo constrói independentemente da realidade exterior, dos demais indivíduos e de suas próprias capacidades pessoais. É, antes de mais nada, uma construção histórica e social, na qual interferem fatores de ordem cultural e psicológica." (BRASIL, 1997).
A psicologia genética nos propiciou aprofundar a compreensão sobre o processo de desenvolvimento na construção do conhecimento.
Compreender os mecanismos pelos quais as crianças constroem representações internas de conhecimentos construídos socialmente, em uma perspectiva psicogenética, traz uma contribuição mais significativa, ao nosso ver, sobre a aprendizagem humana. Pois, esta perspectiva respeita o principal critério para que o ato de conhecer seja significativo. Em seus postulados podemos observar que para haver aprendizagem o desejo tem que ser respeitado e o significado do aprender dependem da motivação intrínseca do indivíduo, isto é, este sujeito precisa tomar para si a necessidade e a vontade de aprender ou ainda, precisa tornar consciente o seu desejo.
Temos, entretanto, muitos casos de crianças que se negam a aprender, apesar desta capacidade ser inerente ao ser humano. Daí a indagação: Qual o poder do inconsciente no significado dos erros da leitura, na operação de cálculos matemáticos, outros erros acadêmicos? Quais as razões psicológicas segundo as quais as crianças se tornam incapazes de aprender na escola, embora tenham sido avaliadas como normais na maior parte ou em todos os seus aspectos? Segundo a Psicanálise o homem é sujeito a uma ordem inconsciente e movido por desejos que desconhece. Daí a necessidade de pensarmos sempre o homem como um ser desejante, que para se formar como tal teve primeiro a mãe, se impondo a este sujeito, com as marcas do seu próprio desejo. Com o passar do tempo e com a influência de todo o meio que o cerca, este indivíduo colhe outras informações que o leva à representação de si mesmo e da realidade, formando com isto a base da sua personalidade. Mas para que esta personalidade se estruture de maneira sadia, que não negue ao indivíduo a condição de se assumir como ser desejante, é necessário que lhe sejam favorecidos bons contatos pessoais, possibilitando assim a interação entre esta criança com parceiros experientes e emocionalmente equilibrados dentre os quais destacam-se pais, amigos, professores e outros agentes educativos.
Neste sentido os distúrbios da aprendizagem deste ser, do ponto de vista da história evolutiva dos relacionamentos da criança com o seu meio e com os fenômenos relacionados ao desejo que se busca, se posterga ou se recusa, pode ser visto como um exemplo de negação devido a algum desequilíbrio infligido no seu psiquismo que pode levá-la a um estado de desamparo, uma frustração do ego que não consegue processá-lo causando a sensação de atordoamento no indivíduo. Estes traumas geralmente são vistos pela Psicanálise como disfunções materna ou paterna que provoca uma descontinuidade no sentimento do "ser". Esta sensação está ligada à violência que foi cometida contra este ficando representados no ego da criança e podem vir a tona posteriormente com fatos aparentemente banais, sendo representados em alguns casos através da não aprendizagem escolar.
Para que a aprendizagem aconteça de forma significativa é necessária a harmonia dos fatores extrínsecos e intrínsecos ao ser humano, pois é no não entrelaçamento destes fatores que ocorre o insucesso do aprender.
Diante de um problema posto, é necessário que o sujeito aprendente elabore hipóteses e experimente-as. Fatores e processos afetivos, motivacionais e relacionais são importantes nesse momento. Os conhecimentos gerados na história pessoal e educativa têm um papel determinante na expectativa que, nas suas motivações e interesses, em seu autoconceito e em sua auto-estima. Assim como os significados construídos por este ser estão destinados a ser substituídos por outros no transcurso das atividades, as representações que tem de si e de seu processo de aprendizagem também.
Vemos neste espaço um elo intermediário entre as Teorias de Aprendizagem e a Psicanálise. Os conceitos do inconsciente, subjetividade, interioridade, expressividade e afetividade, referentes aos estudos da Psicanálise expressam a idéia da construção da liberdade do ser. Sua transposição para a educação sistemática, que para poder se constituir necessita de normas, socialmente viáveis, mas que percebam os seres que a elas estão destinados, torna-se evidente.
O que o ser anuncia e se evidencia no grupo, com vistas à formação do cidadão com competência e afetividade para sobreviver na sociedade, acredito ser o eixo de cruzamento entre a Psicanálise e Educação. E pode ser este um caminho viável a ser percorrido no sentido de unir estas duas ciências, buscando achar respostas para o insucesso na aprendizagem de muitos dos nossos alunos.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília: MEC/SEF, 1997. KLEIN, M. A importância da formação de símbolos no desenvolvimento do ego. Em M. Klein. Contribuições à Psicanálise, S. Paulo, Editora Mestre Jou, 1981. MIZUKAMI, Maria das Graças Nicoletti. Ensino - As abordagens do processo, São Paulo - EPU, 1996. MILHOLLAN, Frank e FORISHA, Bill E.. Skinner X Rogers: Maneiras e contrastes de encarar a educação. São Paulo, Summus Editorial, 1978. MOREIRA, Marco Antônio. Ensino e Aprendizagem, enfoques teóricos. São Paulo, Editora Moraes, 1985. OLIVEIRA, Vera Barros e BOSSA, Nádia A. (Orgs.). Avaliação Psicopedagógica da criança de zero a seis anos. Petrópolis, Editora Vozes, 1999. ZIMERMAN David E.. Fundamentos Psicanalíticos - Teoria, técnica e clínica. São Paulo, Artmed, 1999.
Hildevana Meire Almeida

DADOS DA INSTITUIÇÃO

“Teatro vem do grego, ‘théatron’, que significa panorama (lugar de onde se vê), ou seja, é o lugar onde as pessoas se reúnem com um objetivo em comum: assistir ao espetáculo. Nesse momento, o ator pode ser quem quiser, quando quiser, onde quiser... O público tem liberdade para analisar, se emocionar e até se pronunciar... Ocorre, então, a cumplicidade de palco e público... Tudo isso é mágico, fantástico, algo que somente o teatro pode proporcionar por completo. (...).”
(CECCONELLO, Marielle)

O TEATRO
Assim como o teatro, a escola precisa ser um espaço que proporcione ao alunado a liberdade para se emocionar, para criticar, para criar: criar sua própria história, criar sua arte, criar seu próprio conhecimento... Onde escola (direção, professores, funcionários, comunidade, família) e alunos, interagindo e se inter-relacionando, formem um elo de cumplicidade, tornando o espaço escolar mágico, prazeroso e o aluno... o aluno ser ele mesmo: autêntico, consciente, gente... gente que sente, que fala, que grita, que chora, que rir: aluno na sua maior essência – PESSOA HUMANA.
Pensando nisso, fizemos da Creche Casulo Sonhar Juntos o nosso “teatro”.
A creche atende a crianças de 2 a 4 anos de idade, que moram na sede. Está situada na Avenida Presidente Vargas, s/n, centro, na cidade de Quijingue – BA, numa casa alugada. O espaço usado para o lazer das crianças é muito pequeno.
O espaço físico consta de: 05 salas, funcionando com 07 turmas – duas salas grandes que funcionam com duas turmas ao mesmo tempo, sem nenhuma divisória, com professoras diferentes e três salas pequenas com uma turma cada (as turmas variam entre 13 e 15 crianças).
As crianças são as personagens protagonistas do nosso “teatro”. O protagonista da história, geralmente, é um herói ou uma heroína que vive grandes aventuras e vence muitos obstáculos.

Esses são os nossos verdadeiros heróis.

01 secretaria onde as coordenadoras, pedagógica e administrativa, executam as atividades burocráticas e pedagógicas; 01 cantina onde as crianças fazem as refeições - é um espaço pequeno; 01 cozinha; 01 espaço coberto onde fica o filtro de água e se colocam tapetes para as crianças brincarem; 01 sala pequena que serve para guardar materiais de uso dos alunos; 02 banheiros que são de uso tanto dos meninos quanto das meninas. Não tem banheiro para as professoras; 01 pequena área de circulação externa, internamente não há área de circulação. A conservação do espaço é boa, mas com pouca ventilação mesmo os ambientes não sendo forrados; o telhado é de cerâmica.

O quadro de pessoal é formado por: nossas personagens secundárias – são aquelas que participam da história auxiliando e enriquecendo as cenas.

01 coordenadora pedagógica, 01 coordenadora administrativa, 08 professoras, sendo que uma dessas professoras fica de apoio com mais 01 auxiliar para todas as turmas, 02 cozinheiras e 03 auxiliares de serviços gerais, perfazendo um total de 16 funcionários.

APRESENTAÇÃO

APRESENTANDO O ESPETÁCULO

“Os Saltimbancos
“A escola é meio.
A escola não é fim.
O fim da escola é a sociedade.
O fim da sociedade é a humanidade, com toda carga semântica
que esta palavra sugere no tempo e no espaço.
O fim escolar, pois, é estar bem em convivência, em sociedade.
Assim, a aprendizagem vem da interação. O que a escola deve
ensinar é a estratégia de interagir, de aprender na socialização
de idéias e opiniões, para que o aluno, desde cedo, se prepare
para ação no meio social.
É a vida social, a verdadeira escola de tempo integral.”
(Vicente Martins – baseado na LDB)

Segundo os pensadores Henri Wallon, Lev Vygotsky e Jean Piaget, o desenvolvimento humano não resulta da ação isolada de fatores genéticos, tampouco de fatores ambientais – fatores esses, que agem controlando o comportamento do indivíduo, e sim, a partir das vivências e trocas que os sujeitos estabelecem entre eles mesmos e o meio durante toda a sua vida.
Cabe a escola favorecer um ambiente que propicie aos educandos um convívio coletivo saudável, estimulando-os através de atividades lúdicas, como jogos, brincadeiras onde representam a vida real, a aprender com os colegas, a se relacionar bem com o outro e com o diferente.
Usar o lúdico como meio de interação é uma forma de auxiliar os educadores a tornarem as suas aulas mais atraentes, mais prazerosas onde as crianças através de brincadeiras e jogos vão aprendendo a respeitar seus limites e as limitações do outro e, conseqüentemente, a conviver em sociedade.
Diante disso é que foi escolhido trabalhar o teatro, onde “palco” (atores) e “público” (alunos) se interagem de forma lúdica, e as crianças se conhecem, se integram e se alegram.
Nesse contexto, mais do que aprender a conhecer, a psicopedagogia nos ensina a aprender a ser (LIMA, 2003), pois o comportamento humano agrega um conjunto de situações abstratas oriundas do próprio ser, adquiridas ao longo do tempo – passado e presente, e da interação do ser com o outro. Assim, através da psicopedagogia, busca-se as causas que dificultam a interação entre as crianças que vem refletir na dificuldade de aprender, com o objetivo de propor alternativas que propiciem as mesmas a descobrirem sua própria identidade e a identidade do outro – ser e conviver e a construírem seus próprios conhecimentos.

JUSTIFICATIVA
O teatro, o espetáculo, as personagens, os atos, as cenas...
É na convivência com as pessoas que se possibilita conhecer seus hábitos e costumes, onde as culturas se interagem e associados criam semelhanças em comum. São as relações interpessoais que influenciam nos aspectos sociais; no entanto, conhecer o outro ou a si mesmo não é tarefa fácil. Nesse aspecto, o lúdico faz-se necessário uma vez que propicia contentamento na vida através de sua satisfação pessoal e quando o sujeito está satisfeito com a sua própria vida, está também aberto para aceitar o outro, com toda sua diversidade, em seu contexto social.
O lúdico exerce um papel importante na interação entre os sujeitos, possibilitando a valorização do indivíduo e seu desenvolvimento intelectual.
Diante disso, foi que se pensou em usar o teatro como intervenção psicopedagógica na instituição, pois o teatro na educação dá ao aluno a oportunidade de se valorizar e de se integrar a um grupo, enaltecendo o seu senso de responsabilidade, onde o sucesso do trabalho acontece devido à soma dos esforços de todos, propiciando o desenvolvimento de cada um e de todo grupo, respeitando e complementando as diferenças.

OBJETIVOS


INSPIRAÇÃO

GERAL:
• Refletir a cerca do homem diante das relações interpessoais, promovendo, de forma lúdica, a interação de bem estar, satisfação e compreensão do outro, para daí conhecer-se melhor enquanto sujeito e conviver bem em sociedade.


ESPECÍFICOS:
• Valorizar a interação entre os sujeitos através da ludicidade.
• Refletir as relações interpessoais, permitindo desvendar as reações diante das situações cotidianas e integrar valores para o meio social e boa convivência.
• Buscar a integração dos valores como forma de fortalecimento na convivência com o outro.


Inspiração: a peça teatral tem sua idéia central, relativa a um tema; seu título e todas as cenas devem guardar uma relação clara e objetiva com essa idéia. (...) O público quer passar por emoções de simpatia e também de auto-estima e interação.
(Rubens Queiroz Cobra)

RELATÓRIO DE CONCLUSÃO DIAGNÓSTICO
Procedimentos Metodológicos

ATOS E SENAS
“A peça de teatro divide-se em Atos e Cenas. Os Atos se constituem de uma série de cenas interligadas por uma subdivisão temática. As Cenas se dividem conforme as alterações no número de personagens em ação (...). O cerne ou medula de uma peça são os diálogos entre as personagens.”
(COBRA, Rubens Queiros)

Para promover o diálogo e a interação entre os sujeitos e, para melhor conhecê-los em seu convívio coletivo, foram necessárias algumas ações interventivas voltadas para o teatro, para o representar, como também algumas atividades individuais, envolvendo a coordenação motora – Atos.
Na prática das atividades propostas, procurou-se estimular o pensar, o dialogar e o interagir entre os sujeitos.

Cena I

Abertura às 9:20h, com a apresentação do grupo teatral “Triunfo”, apresentando a peça “Os Saltimbancos”. As crianças ficaram maravilhadas, deslumbradas. Participaram com os olhares, com as emoções.

Professores e crianças assistiam à peça com atenção. Todos sentados em tapetes acompanhavam cada movimento das personagens, inclusive balançavam-se ao som da música. Surpresos e atentos a tudo...
Cena II
Às 9:50h as crianças voltaram para as suas salas de aula, depois que se acomodaram, foi realizada a 1ª oficina: “O retrato de si”.
Nesta oficina, as crianças desenharam livremente, no papel metro branco, o retrato de si, do colega que mais gosta, da professora e da escola. Esta atividade foi com a finalidade de observar como a criança ver essas “personagens”.
Na realização desta atividade foi observado que as crianças não apresentam afinidades com o lápis. Elas não desenharam praticamente nada, fizeram apenas alguns rabiscos.
A coordenação pedagógica informou, posteriormente, que a creche não utiliza mais as “atividades de coordenação motora”, só trabalha com o corpo da criança através de jogos como, por exemplo, jogar bola.
Cena III
As crianças sentaram em um semicírculo e se preparam para a 2ª oficina: “A arte de encenar é um espelho”.
Esta oficina teve como objetivos, despertar a criança para a valorização de si e encontrar-se consigo e com seus valores.
Com um espelho escondido no fundo de uma caixa, as crianças foram convidadas a conhecer a pessoa mais importante para cada uma delas; alguém a quem deveriam dedicar maior atenção, carinho e amor.
As crianças iam olhar a caixa com muita curiosidade; como foram orientadas para não revelarem quem estava dentro da caixa, guardavam segredo e quando um voltava do lugar onde se encontrava a caixa, o outro já ficava ansioso para ir. Depois falaram sobre o que viram, sobre elas mesmas. Algumas crianças não falaram nada. Na verdade tinham dificuldade para falar – eram muito tímidas e pouco motivadas para falar.
Logo em seguida, foi contada a história de “Branca de Neve”, pela psicopedagoga Maria do Carmo, através de slides no data show. Poucas crianças, realmente, prestaram atenção, apresentando um tempo de concentração maior, outras perdiam a concentração muito rápido, mesmo as imagens projetadas na parede sendo novidade.
Depois de explorada a história, foi feita a “atividade do espelho sem fundo”, onde as crianças, duas em duas, se olhavam e viam as semelhanças e diferenças entre elas. Em seguida, encenaram uma parte da história, ao modo delas, em que a madrasta malvada conversava com o espelho mágico.

Cena IV
A surpresa! Emília visita as crianças... Na 3ª oficina; “A capacidade criadora”, Emília – psicopedagoga Delma Rocha – conta as fábulas de Monteiro Lobato: “A cigarra e a formiguinha boa” e “A cigarra e formiguinha má”, com o objetivo de as crianças diferenciarem o “bom” do “mau”.
As crianças ficam maravilhadas com a Emília... Elas comentam sobre as duas versões da fábula; só que não entendem o que é ser “boa” e ser “má”. Quando perguntado se elas gostaram mais da formiguinha boa ou da formiguinha má, responderam, com insegurança, que da má, da boa... e quando perguntado o que era ser “má”, não sabiam dizer. Explicamos sobre o assunto... A verdade é que eles estavam tão encantados pela Emília, que não prestavam atenção no que era falado.
As crianças não conseguiram recontar a história.

Ao final das oficinas, percebe-se a necessidade de mais uma visita para avaliar a coordenação motora das crianças. Para tanto, foram realizadas algumas atividades (em anexo).

RECURSOS

CENÁRIO
O cenário compõe elementos físicos e virtuais que determinam o espaço físico, como também os objetos de seu interior: cores, texturas, estilos, mobiliários...

Os recursos utilizados na realização das atividades interventivas estavam coerentes com os objetivos. A relação que se segue inclui também os materiais usados na confecção dos recursos didáticos que serviram de suporte para a realização das atividades planejadas: duplex, tesoura, estilete, isopor, caixa, espelho, cola, computador, data show, aparelho de som, CD de músicas, câmera digital, fotocópias, fita adesiva, lápis de cores, lápis preto, papel oficio, papel metro branco, malhas pretas e azul, tapetes, colchonetes...

CULMINÂNCIA
FINAL FELIZ
“O final feliz precisa ser crível, aceitável para os espectadores como a melhor opção, ou como desfecho claro e compreensível que satisfaz de modo inteligente ao suspense, traz o alívio que dissipa as tensões do clímax, e espalham sentimento de compensação plena na platéia” (Rubem Queiroz Cobra)

É chegada a hora da despedida. A 4ª e última oficina é só festa: “A criança e o espaço corporal”. Ao som da música “Desengonçada” de Bia Bedran, as crianças dançam e representam o que se pede, com um pouco de dificuldade, mas tentam.

O encontro foi finalizado com a entrega das lembrancinhas para cada criança, contendo um lápis preto, uma borracha, uma caixinha surpresa com balas, e um livrinho com diversas atividades de coordenação motora e um delicioso almoço.
Tanto as crianças quanto os adultos ficaram felizes com o encontro e com as lembranças.

AVALIAÇÃO
MICRO-RUBRICAS SUBJETIVAS
“As micro rubricas subjetivas interessam principalmente aos atores: descrevem os estados emocionais das personagens e o tom dos diálogos e falas” (Rubem Queiroz Cobra)
O momento da avaliação foi muito proveitoso, onde as análises expressam as condições de confronto vividas por todos: o momento de interação, as falas, a desenvoltura na resolução dos problemas levantados, e as soluções elaboradas a partir dos elementos inseridos nas situações de aprendizagem.
A avaliação foi centrada no processo pedagógico, pois a intenção era perceber o nível de desenvolvimento real da criança, sua relação e integração com o outro no seu convívio social.
As ações psicopedagógicas foram avaliadas constantemente para que seus efeitos pudessem ser observados, e re-significados, servindo de indicadores para as intervenções posteriores.
Para tanto, a avaliação indicada foi a diagnóstica, permitindo que personagens protagonistas – alunos e personagens secundárias – professoras e demais segmentos da escola estejam envolvidos e integrados em relações saudáveis que irão favorecer a busca de melhores estratégias na resolução das dificuldades apresentadas, pois avaliar é, sobretudo, pautar as mudanças que precisam ser feitas (AROEIRA,1996,154), em prol de uma aprendizagem significativa e a inserção dessas crianças na sociedade.

REFERÊNCIAS
HAETINGER, Max Günther. Universo criativo da criança na educação. 4ª edição.Porto Alegre: Criar, 2005.

AROEIRA, Maria Luísa Campos. Didática de pré-escola; vida criança: brincar aprender / Maria Luísa C. Aroeira, Maria Inês B. Soares, Rosa Emília de A. Mendes. – São Paulo: FTD, 1996.

FAGALI, Eloisa Quadros. Psicopedagogia institucional aplicada:Aprendizagem escolar dinâmica e construção na sala de aula / Eloisa Quadros Fagali e Zélia Del Rio do Vale. Petrópolis, RJ: Vozes, 1993.

BEAUCLAIR, João. Para entender psicopedagogia: perspectivas atuais,desafios futuros. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Wak Editora,2007.

WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia Clinica: uma visão diagnostica dos problemas de aprendizagem escolar. 12ª ed.Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.


SÁNCHEZ-CANO, Manoel.Avaliação Psicopedagógica / Manoel Sánchez-Cano, Joan Bonals organizadores; tradução Fátima Murad.Porto Alegre:Artmed,2008.

O menino olhava a avó escrevendo uma carta. A certa altura perguntou:
-Você está escrevendo uma história que aconteceu conosco
-E, por acaso, é uma história sobre mim?
A avó parou a carta, sorriu, e comentou com o neto:
-Estou escrevendo sobre você, é verdade.
Entretanto, mais importante do que as palavras, é o lápis que estou usando. Gostaria que você fosse como ele, quando crescesse.
O menino olhou para o lápis, intrigado, e não viu nada de especial. E disse:
- Mas ele é igual a todos os lápis que vi em minha vida!
No entanto, a avó respondeu:
- Tudo depende do modo como você olha as coisas. Há cinco qualidades nele que, se você conseguir mantê-las, será sempre uma pessoa em paz com o mundo:
Primeira qualidade: você pode fazer grandes coisas, mas não deve esquecer nunca que existe uma Mão que guia seus passos. Essa mão nós chamamos de Deus, e Ele deve sempre conduzi-lo em direção à Sua vontade.
Segunda qualidade: de vez em quando eu preciso parar o que estou escrevendo, e usar o apontador. Isso faz com que o lápis sofra um pouco, mas no final, ele está mais afiado. Portanto, saiba suportar algumas dores, porque elas o farão ser uma pessoa melhor.
Terceira qualidade: o lápis sempre permite que usemos uma borracha para apagar aquilo que estava errado. Entenda que corrigir uma coisa que fizemos não é necessariamente algo mau, mas algo importante para nos manter no caminho da justiça.
Quarta qualidade: o que realmente importa no lápis não é a madeira ou sua forma exterior, mas o grafite que está dentro. Portanto, sempre cuide daquilo que acontece dentro de você.
Finalmente, a quinta qualidade do lápis: ele sempre deixa uma marca. Da mesma maneira, saiba que tudo que você fizer na vida, irá deixar traços, e procure ser consciente de cada ação.