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Resumo: Este artigo vem mostrar a importância da escola na ajuda às crianças com transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade e nessa trajetória percorremos vários caminhos, entre eles a análise sintomática. Nosso objetivo em falarmos do sintoma, foi fazer uma reflexão acerca dessa palavra tão significativa e que na maioria das vezes, pais e professores não prestam atenção no que ela quer transmitir.
Assim, falamos que as dificuldades de aprendizagens tanto podem ter origem orgânica, como também, provenientes das crises familiares vivenciadas pela criança. Citamos os principais sintomas do TDAH, como possíveis causas destas dificuldades.
Abordamos a relação entre a família, a escola e a criança, constatando a importância do vínculo familiar e a força que ele transmite nas crenças que são passadas pelos pais a seus filhos. Quanto à escola, enfatizamos a necessidade de levarmos para a sala de aula uma educação pautada em valores humanos, na qual haja valorização do ser humano em todos os aspectos.
No atendimento à criança com TDAH citamos entre outros autores, Izabel Parolin (2005) que partindo da idéia que todo sujeito é único, com formas diferentes de agir e reagir, com hábitos de vida que influenciam seu desenvolvimento, considera necessário buscar soluções para o transtorno com todos os envolvidos (a criança a família, a escola) e também com profissionais especializados (médicos, psicólogos, terapeutas ).
Finalizamos o nosso artigo com a apresentação de uma pesquisa de campo, realizada com mães de crianças com TDAH e também com professores, cuja finalidade foi mostrar a prática da vivência diária com essas crianças, quando eles perceberam que algo diferente estava acontecendo e que providências foram tomadas.
Esperamos ter contribuído um pouco com essas informações sobre como tratar os TDAH numa visão mais ampla, na qual, tanto a família como a escola esteja trabalhando em conjunto para uma melhor compreensão desta criança, para que ela possa se relacionar melhor com aqueles que estão interagindo com ela.
1. Introdução
O espírito investigativo deve estar presente na vida do individuo. A pesquisa ajuda na compreensão do objeto que se deseja alcançar e quando estamos imbuídos de um ideal, muitos questionamentos vão surgindo e à medida que vamos nos dando conta que nem sempre há respostas , paramos e vamos atrás dos porquês.
O que nos fez pesquisar sobre o assunto foi à curiosidade em saber por que há, no momento tantas crianças com hiperatividade. O que está por trás do transtorno? Geralmente a maioria das pessoas não procura saber o que os sintomas querem dizer.
Quando a criança apresenta um comportamento diferente das demais, a família fica dividida. Uma parte não dá muita importância e diz que é uma fase, outra procuram logo um profissional para achar soluções, mas nunca se procura saber qual o significado que os sintomas querem transmitir.
Ao chegar à escola e ao fazer contato com a vida social, os sintomas vão ficando mais visíveis, os desafios tanto para os pais como para os professores, se intensificam e a partir daí, começa a peregrinação dos pais pelos consultórios dos especialistas.
Os estudos da terapia familiar sistêmica vêm comprovando cada vez mais a importância do sistema familiar na história do individuo, confirmando que estamos interligados como numa rede de conexão a um grupo familiar, um sistema maior.
As famílias precisam rever algumas posturas, pois estamos vivendo período de grandes mudanças e muitos paradigmas estão sendo quebrados, assim é momento para refletirmos e nos darmos conta que algo está acontecendo no seio da família.
Os motivos que nos levaram a viabilizar esse artigo têm como finalidade mostrar que em toda sintomatologia que a criança hiperativa demonstra, há necessidade de se pesquisar quais os fatores que precisam ser vistos e todas as suas relações e mediações.
Precisamos ter um olhar mais apurado, alargando nossos horizontes, procurando aceitar, compreender e conhecer melhor a criança portadora de transtorno. Portanto, é importante a participação da família, como da escola na ajuda e valorização desse sujeito.
Os instrumentos utilizados para desenvolver esse trabalho será a pesquisa de campo: Estudo de caso acompanhando os cuidados de uma criança com TDAH e entrevista com pais e professores.
Ao trazermos mais informações acerca desse assunto, vai permitir um maior conhecimento para os pais e professores que estão lidando com essa criança. Os dados comprovam quando a escola e a família trabalham juntas, certamente haverá diminuição dos sintomas, favorecendo uma vida mais tranqüila e saudável para o individuo portador desse transtorno.
2. TDAH: Definição
O livro do neurologista Vicente José Assencio Ferreira (2005), “O que todo professor precisa saber sobre Neurologia”, traz este conceito: “Crianças hiperativas, são crianças agitadas, inquietas e com muitas dificuldades de estabelecer ordens e regras. Elas não conseguem ficar paradas para ouvir uma explicação. São também desatentas, impulsivas e com atividades motoras excessivas”. Afirma ainda, que a “hiperatividade” não é doença, e sim um sintoma que pode acompanhar tanto a criança com deficiência mental, autista, síndrome genética, como também crianças mal educadas e sem limites.
Assim, a criança que apresenta alguns sintomas citados acima, já começa a ser olhada de forma diferente. O sintoma exige nossa atenção e a intenção adequada é fazer desaparecer a causa, embora a maioria dos tratamentos vise à eliminação do sintoma, por exemplo: quando estamos com uma dor de cabeça, procuramos logo tomar um remédio para que ela desapareça imediatamente e quase não paramos para nos perguntarmos o que ocasionou essa dor.
A definição de Sintoma segundo o Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda, Ed. Nova Fronteira 1986 é: Sintoma. S.M.1..Med. Qualquer fenômeno ou mudança provocada no organismo por uma doença, e que, descritos pelo paciente, auxiliam, em grau maior ou menor, a estabelecer um diagnostico. 2. Fig. Sinal, indício. 3. Presságio, pressentimento, agouro etc...
Isabel Parolin (2005) também fala do sintoma. Segundo ela, ao diagnosticar uma criança com TDAH, é preciso procurar saber qual o significado desses sintomas em sua família. Segundo a autora, o sintoma expressa o que não pode ser verbalizado, sendo a oportunidade para aquele grupo familiar entrar em equilíbrio. Entendemos que os sintomas permitam que todo o sistema familiar se dê conta que algo errado existe e precisa ser modificado.
Ao questionarmos sobre o que está por trás do sintoma, o nosso propósito é levar à reflexão. Sabemos o quanto os pais, irmãos, familiares ficam exaustos com o comportamento diferente dessa criança e na maioria das vezes acabam desenvolvendo alguns cuidados e proteção excessiva, interferindo e prejudicando ainda mais suas ações.
Quando dominamos bem o assunto que estamos pesquisando, temos mais condições de investigar a sintomatologia que uma criança está apresentando, daí a importância dos pais se informarem e serem conhecedores do assunto para poderem compreender esse filho e ajudá-lo na sua educação. A autora fala também da necessidade dos pais se auto-avaliarem, procurando em si mesmo algumas características, como a desatenção e a impulsividade, pois já é comprovado que esse distúrbio pode ter componente genético.
Conhecemos alguns casos de crianças hiperativas, filhas de pais que apresentam características semelhantes, no qual tanto a desatenção, como a impulsividade estão presentes, como também encontramos essas características em outros membros da família.
Ana Beatriz em seu livro Mentes Inquietas (2003 pág..53), fala dos três principais sintomas do TDAH, são eles: distração, impulsividade e hiperatividade. O grande instrumento do profissional é a observação. Esse observador, segundo a autora, deve estar atento a todas as informações da família, escola e pessoas que convivem com a criança. Todos esses fatos serão avaliados de forma criteriosa.
* As características descritas por Ana Beatriz no livro de referencia são:
1. Com freqüência mexe ou sacode os pés e mãos, se remexendo no assento, se levanta da carteira.
2. É facilmente distraída por estímulos externos.
3. Tem dificuldade de esperar sua vez em brincadeiras ou em situação de grupo.
4. Com freqüência dispara respostas para perguntas que ainda não foram completadas.
5. Tem dificuldade em seguir instruções e ordem.
6. Tem dificuldade em manter a atenção em tarefa ou mesmo atividades lúdicas.
7. Freqüentemente muda de uma atividade inacabada para outra.
8. Tem dificuldade em brincar em silencio ou tranqüilamente.
9. Às vezes, fala excessivamente.
10. Vive perdendo itens necessários para tarefas ou atividades escolares.
Para maiores esclarecimentos, voltamos a falar que algumas crianças podem estarem passando por algum sintoma de TDAH, como desatenção, comportamentos agitados e até mesmo dificuldades no seu rendimento escolar, em conseqüência de alguns problemas emocionais e não dar-nos conta do mesmo, sub valorizando tal comportamento.
Atualmente, em conseqüência dos pais estarem trabalhando fora, os filhos na grande maioria, ficam privados da presença deles e assume esse papel outra pessoa de confiança da família. Outro fato que deve ser levado em conta: A cada dia que passa aumenta o número de casais separados, conseqüentemente, os filhos sofrem a ausência dos pais, causando transtornos emocionais. Daí estar chamando à atenção no cuidado na investigação dessa criança.
Vicente José (2005) comenta algo de grande importância: “É inadmissível aceitar como diagnóstico da causa da dificuldade no aprendizado a “doença” denominada “hiperatividade”. É comum os pais procurarem o neuropediatra informando que: “meu filho tem o diagnóstico de hiperatividade” e na maioria das vezes é mais cômodo para os pais ter esse parecer, de que procurar saber o que está por trás do sintoma. Os pais precisam estar atentos para não se deixarem levar por informações que não estão fundamentadas, pois nem toda criança agitada é portadora de TDAH.
Izabel Parolin (2005), no seu livro Família, a Escola e a Aprendizagem aborda questões bem pertinentes, relacionadas à família e à escola. “A cultura delivery construiu um paradigma que prega que quem não é normal, deve ser ajustado, controlado, medicado para que se torne o que esperamos dele. Desse movimento social, surgem às dificuldades com a aprendizagem”. É comum ouvirmos algumas pessoas falarem dessa forma: “aquele menino não para, deve ser hiperativo”, afirmam isso sem estarem embasados em fundamentação teórica.
Seguindo o seu pensamento, precisamos nos dar conta “que cada sujeito é único, tem forma diferente e suas histórias de vida influenciam no seu desenvolvimento”. É importante saber a opinião de uma educadora que conhece tão bem a estrutura organizacional de uma família. Segundo a autora, a forma como o seu núcleo familiar entende aceita ou não aceita, age ou não reage, será determinante na leitura e no prognóstico da situação.
Na busca de soluções, todos esses envolvidos tentam de todas as formas, por meio de diversos tratamentos resolver o problema, mas não se dão conta que precisam rever também suas ações e posturas dentro do próprio lar. É comum surgirem conflitos e discussões por causa do problema da criança e ela acaba sendo o bode expiatório da família.
Portanto, a leitura dessa família é muito importante, pois permite que o profissional possa ajudá-la a superar os conflitos que estão lhe angustiando. Na maioria das vezes, alguns fatos são ocultados, histórias contraditórias são contadas e elas começam a desenvolver comportamentos agressivos, passando a fazerem parte daqueles alunos que são mal vistos e excluídos dos demais.
A caminhada é longa para os pais e na maioria das vezes sentem-se frustrados, pois aquele filho não corresponde às suas expectativas, olham para outras crianças da mesma idade e o sentimento de tristeza se torna presente. Daí a importância dos pais se informarem o suficiente, para poderem estabelecer uma boa relação com esse filho e se darem conta, que cada sujeito tem uma forma de aprender.
No relacionamento com os colegas, por ser desatenta, é comum ocorrerem situações constrangedoras para essa criança, passando a ser incompreendida pelos demais colegas, em virtude da dificuldade que tem em adequar-se às rotinas e não dar conta das tarefas exigidas pelo professor. Daí, a importância do professor ser inserido no processo de ajuda a essa criança, para poder integrá-la ao grupo, afirma Ana Beatriz ( 2005).
A hiperatividade é considerada um distúrbio biopsicossocial que atinge de 3% a 5% das crianças em idade escolar, de preferência meninos. Cresce a preocupação em relação aos cuidados e tratamentos a essas crianças, pois ainda existem pais que preferem aguardar que essa fase passe ou não, para a partir daí, ver qual é a forma mais eficaz de trabalhar essa criança, o que acaba sendo uma tamanha irresponsabilidade e descaso com o déficit da criança, podendo mais tarde, vir afetar a sua adolescência no que se refere à aprendizagem, como também nos relacionamentos.
Afirma Parolin (2005, pág. 87), “a psicopedagogia procura ver o aprendiz em seu processo de aprender e ensinar, levando em consideração a realidade objetiva e subjetiva e o contexto que a criança e o adolescente estão inseridos. Considera também, que o conhecimento em toda a sua complexibilidade em uma dinâmica, em que os aspectos cognitivos, emocionais e sociais estão entrelaçados”.
Como é importante o processo de avaliação do comportamento de uma criança, pois nem todo aluno agitado, sem limite e desatencioso é hiperativo. Na maioria das vezes, quando é solucionada alguma questão familiar, o sintoma na criança desaparece. Mais uma vez é comprovado o quanto a força do vínculo familiar interfere nos processos familiares, em determinadas crianças.
Durante muito tempo ouviu-se essa frase: “sou burro e não dou para os estudos”. A rigidez em determinadas famílias em não aceitarem o seu filho como ele é, deixava marcas profundas na criança, pois alguns pais estavam sempre reprimindo ou castigando e a auto-estima da criança acabava sendo afetada. Esses são relatos que sempre ouvimos contar, isso ocorria por falta de informações na maioria das famílias.
Quando uma criança apresenta distúrbio de aprendizagem, isso interfere não apenas no trabalho escolar, mas em todos os aspectos da vida, em casa, na comunidade e em outras atividades. Os pais desempenham papel importante no auxilio a sua criança no trato com esses distúrbios e a criança vai precisar de muita compreensão, apoio e ajuda da família. Gostaríamos de salientar, que esses transtornos podem acompanhar o indivíduo até a fase adulta.
Como ajudar esse aluno? Tanto a família como os profissionais e a escola devem constantemente estar conversando a respeito de uma estratégia metodológica, que melhor se adapte a essa criança. Essas reuniões como diz Parolin (2005), devem definir bem o papel de cada uma das partes envolvidas e que haja coerência entre as diferentes propostas. Ao concluir sua fala, faz esse comentário: “entendo que uma família ou uma escola que tem uma criança com TDAH não tem um problema, mas uma situação para administrar. Porem se não for encarada com seriedade, competência e sensibilidade, aí sim, pode vir a tornar-se um transtorno em suas vidas”.
De tudo que foi comentado, ressaltamos a necessidade da família da criança que está desenvolvendo esses sintomas, procurar profissional especializado no apoio a esses tipos de transtornos. Faz-se necessário lembrar a existência de terapias alternativas auxiliares. Conhecemos casos de crianças atendidas na equoterapia, arte-terapia e musicoterapia que reagiram bem nesses tratamentos, melhorando seus comportamentos.
3. O papel da família
É na família que se estrutura o sujeito, iniciam-se as aprendizagens e que em todo processo avaliativo a sondagem mais importante é sobre as informações da vida desses individuos. Os fatos narrados vão ajudar a conhecer o perfil da criança e o contexto em que ela está inserida. Ao construir a história da família, conhecendo todos os membros desse núcleo familiar, fica mais fácil detectar de onde surgem às dificuldades de aprendizagem, afirma Mara M. Monteiro (2004), em seu livro Leitura e Escrita.
A leitura dessa família vai ajudar o profissional a entender e compreender essa criança. É na interação com os membros da família, que a criança vai estabelecendo os modelos e nesse convívio, vai observando os padrões que vão se cristalizando e enraizando ao longo do tempo.
Izabel Parolin (2005), ao falar do papel da família faz esse comentário: “Cada família tem suas crenças, seus medos, suas ideologias e seus objetivos e isso reflete no cotidiano do grupo familiar e que tudo está relacionado à história dos antepassados dos pais e se estende no dia a dia dos filhos”.
O que foi relatado por esses autores, vem confirmar que essa criança que está desenvolvendo esses sintomas traz padrões repetitivos do sistema familiar, exemplificando: há casos comprovados em que outros membros dessa família possuem características idênticas ao da criança que está passando por esse processo avaliativo de sondagem.
A terapia familiar sistêmica procura dar outro significado ao sintoma. Essa visão sistêmica como diz Parolin, ver o sujeito de forma não-linear, isso quer dizer, que os sintomas que se apresentam nem sempre são de causas aparentemente conhecidas.
Como a família lida com o sintoma? Nessa perspectiva de procurar compreender essa criança com TDAH, há algo que precisa ser entendido, os ciclos evolutivos. Todas as famílias passam por esses processos. Precisamos quebrar os paradigmas modificando as nossas crenças para podermos avançar. É necessário revermos nossas posturas a determinados acontecimentos, essa concepção de mundo que carregamos ao longo da nossa existência, na maioria das vezes nos atrapalha. É comum ouvirmos: “Pra que mudar se sempre deu certo dessa forma, essas inovações não vão ajudar em nada...”.
No inicio, falamos que o sintoma exige que prestemos atenção no que ele quer dizer, mas na maioria das vezes ele passa despercebido.
Quando os pais suspeitam que há algo errado com a criança, normalmente levam a vários especialistas até acharem um diagnóstico. Nesse percurso esquecem de comunicar a criança o que está lhe acontecendo, talvez isso ocorra porque querem poupar o seu filho, tentando encobrir as suas preocupações e nada é dito. Outro ponto que deve ser destacado: os irmãos dessa criança precisam estar cientes, pois eles também fazem parte da família.
Quando um membro da família sofre, cada um da família sente a dor e demonstra de várias formas. Às vezes acontece que um dos irmãos demonstra reações de indiferença, sentindo vergonha do comportamento do irmão, daí a necessidade de se prestar atenção nesses irmãos, explicando o que estar acontecendo com a criança, para que possam compreender as reações e comportamento do irmão. Daí estar mostrando o quanto o papel da família é fundamental para o desenvolvimento integral dessa criança.
Os pais desempenham papel muito importante no auxílio à sua criança, portanto devem procurar se informar e conhecer tudo a respeito da problemática dos seus filhos, para poderem advogar a causa deles, mas também precisam cuidar de si, ficando atentos às necessidades de outros membros da família. A família estando bem beneficiará a criança.
Ter um filho com TDAH afeta sentimentos e a maioria dos pais não estão preparados para essa situação. A relação do casal sofre abalos, sendo comum ficarem angustiados, com sentimentos de raiva, impotência, culpa, vergonha, tudo isso ao mesmo tempo, como também há casos em que os pais se separam por não saberem lidar com a situação. Entendemos que são reações normais e além de serem mães e pais são também seres humanos.
O livro “Quem Ama não Adoece” do Doutor Marcos Aurélio Dias da Silva (2000), no capitulo que fala das relações de amor com os filhos, (pág. 292) traz este comentário: “A construção de um mundo melhor passa necessariamente pelo aprimoramento das relações entre pais e filhos”. Mais adiante comenta: “A psicanálise nos ensina que todas as formas de doença mental e comportamento anti-social se derivam, direta ou indiretamente de dificuldades nos relacionamentos entre pais e filhos”. Comentando esse pensamento, nos damos conta de quanto é importante um bom relacionamento entre pais e filhos para evitar problemas dessa ordem.
Ao abordamos a psicanálise, queremos mostrar a importância dos pais também passarem por um processo analítico, pois é fato comprovado que os filhos são reflexos da mente dos pais. Há uma imensa variedade de abordagens terapêuticas e cada família deve procurar aquela que mais se identifica. Ao realizarem um trabalho terapêutico, estão aprendendo a lidar com suas emoções, como também entendendo os processos que seus filhos estão vivenciando, aceitando-os com realmente são.
Queremos dizer aos pais, que a criança que necessita de compreensão está nos ensinando algo. Ela é muito especial, encantadora e freqüentemente são muito inteligentes. Nos Estados unidos elas são conhecidas como Crianças Índigos. “São aquelas crianças que apresentam um conjunto de características psicológicas incomuns e um padrão de comportamento ainda não classificado pela ciência. Esse tipo de comportamento faz com que todos os que interagem com ela (principalmente os seus pais) tenham de se adaptar a circunstâncias diferentes e a um tipo especifico de criação”.
4. Escola, um espaço prazeroso...
Quando os pais escolhem esse espaço para ajudar na educação dos seus filhos procuram sempre um lugar que satisfaça às suas expectativas, para continuarem a passarem os seus valores, como também a escolha do método que eles acreditam. É na escola que o individuo complementa a sua educação e nesse espaço prazeroso o sujeito vai a busca de novas formas de conhecimento, que já foi iniciado no ambiente familiar.
É importante que os educadores estejam bem informados para poder posicionar-se a respeito de seu aluno, estando atentos para identificar e encaminhar para tratamento multidisciplinar a criança que está desenvolvendo algum sintoma. A vivencia da criança na escola torna-se bastante complicada na medida em que seus professores desconhecem o que está por trás dessa mudança de comportamento.
Ana Rita (1999, p. 104) em seu livro A emoção na sala de aula, ao falar da relação professor-aluno, traz esse comentário: “A criança é fortemente influenciada pelo tipo de relação que mantém com cada componente de sua constelação familiar, daí a importância, para o desenvolvimento psíquico da criança, dos papéis que cada um representa e das relações que cada um estabelece com ela”. Segundo ela, tanto a escola como a família tem o seu papel no desenvolvimento infantil desta criança.
Como a escola compreende e lida com esse aluno? Segundo Parolin (2005), é importante analisar como os professores lidam com as diferentes formas de ser, de aprender e as diversas formas das crianças se expressarem e também, como enriquecer seus currículos, seus grupos de sala de aula e a si mesmo, a partir do entendimento e do convívio com as diferenças individuais. É necessário que os professores procurem alternativas para ajudar a criança a enfrentar as dificuldades, criando alternativas de auto-avaliação, ou seja, esses conhecimentos possibilitarão uma compreensão mais cuidadosa e dedicada sobre o comportamento dos seus alunos hiperativos.
É importante falarmos um pouco da inclusão de alunos Portadores de Necessidades Educativas Especiais. Salientamos a importância da contribuição do professor na Inclusão desses alunos no contexto da escola, pois dele depende a integração desses alunos com os demais. Sabemos de casos em que a escola matricula esses alunos, somente porque existe uma lei que obriga, entretanto não dedicam atenção especial a eles. Nos casos de crianças com déficit de atenção, alguns professores costumam dizer que eles não aprendem, acham que são deficientes mentais e que devem ser encaminhados para as escolas especializadas. Daí a importância do professor conhecer um pouco sobre neurologia, como afirma Vicente José (2005 ).
Alguns alunos demoram muito na fase de adaptação quando chegam à escola, e alguns desses casos têm a ver com a sintomatologia que a criança apresenta, pois cada caso responde de uma forma diferente. Relataremos um deles: A criança não ficava em ambiente com portas fechadas e para os pais deixava a impressão que a criança se sentia numa prisão, e quando isso ocorria ela chorava o tempo todo. A solução dada pela profissional que tratava do caso foi deixá-la no parque da escola, permanecendo a sala com a porta aberta. A criança ficava a maior parte do tempo no parque. A mãe ficava por perto. De vez em quando a criança entrava na sala, ficava por algum tempo e depois saia. A presença da mãe na escola dava-lhe segurança. Depois de vários meses, consegui-se sua adaptação na turma e aos poucos foi interagindo com os demais colegas.
É comum algumas crianças passarem por essas dificuldades. Para Vicente José (2005), isso ocorre em conseqüência dos pais não estarem totalmente seguros e confiantes em deixar sua criança afastada deles, principalmente a mãe. Segundo o autor, eles podem estar sendo os “agentes” desencadeadores do medo. Interpretando essa fala, a nível inconsciente a criança percebe toda essa insegurança, daí haver uma demora no processo de adaptação na escola.
Conforme Ana Beatriz (2005), é importante que o educador conheça bastante sobre a patologia dessa criança, para poder ajudá-la na sua integração com os demais colegas. Como na maioria das vezes elas são desatentas e não costumam ouvir as orientações, sofrem isolamentos e são muito criticadas. A escola precisa conhecer esse aluno como um todo (emoção, sentimento, limites, medos, vontade e necessidades).
O papel do professor é muito importante, pois é ele quem vai estabelecer um vinculo entre a escola e a criança. Quando há um bom entrosamento entre a criança e o professor, os pais ficam tranqüilos, pois estão confiando o seu filho a essa pessoa, como também à escola. Para Vicente José (2005), o professor é a “ponte de ligação do mundo particular da criança para o mundo da coletividade” (pág 80).
A humanidade passa por grandes transformações, a escola como parte desse todo precisa rever algumas posturas que ao longo do tempo foram sendo incorporadas. Portanto, há necessidade de levarmos para a sala de aula uma educação pautada em valores humanos, uma educação integral, na qual haja a valorização do ser humano em todos os aspectos.
Maribel Barreto (2005), no seu livro O papel da consciência em face dos desafios atuais da educação, faz esse comentário: “Quando falamos de educação, devemos lembrar que ela pressupõe um movimento de dentro para fora, mais precisamente no gênero humano. Daí a necessidade de investirmos nas nossas potencialidades.” Comentando a sua fala, esse educador precisa despertar em si o desejo de se autoconhecer e através do “conhecer a si mesmo” passa a compreender a vida, ficando mais fácil ajudar a “criança que necessita de compreensão”.
A concepção de mundo desse educador interfere nessa relação. Esse professor precisa ter boa vontade, carinho, para que esse vínculo se estabeleça da melhor maneira possível. A escola é também um sistema e está interligado à família. Portanto, essa parceria escola – família deve atuar juntas, para promover na criança sua autonomia, valorizando suas capacidades e com amor, que é o elemento primordial nas relações, é possível realizar um trabalho produtivo com a criança que apresenta esse transtorno denominado de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
A família e a escola formam um sistema, uma rede que precisa promover um trabalho em conjunto que contemple o individuo, não isoladamente, mas com todos que estão inseridos no contexto. Dentro dessa abordagem, um terapeuta alemão Bert Hellinger desenvolveu uma terapia chamada Constelação Familiar, que tem obtido inúmeros sucessos em várias partes do mundo.
Na Alemanha, crianças com esses transtornos vêm sendo trabalhadas com essa abordagem com bastante resultado, ajudando os professores a entenderem as dinâmicas das famílias. O livro “Você é um de Nós” já publicado no Brasil foi escrito por uma terapeuta e professora Marianne Franke-Gricksch, vem confirmar a força do vinculo à família de origem. A autora, através da aplicação da abordagem “sistêmica” da terapia familiar dentro da rotina diária de uma escola, encontrou soluções para problemas vivenciados pelos professores, como dificuldades de aprendizagens, conflitos entre eles ou entre eles e professores e comportamentos agressivos. Aqui no Brasil alguns profissionais já estão trabalhando em seus consultórios com esse enfoque.
Ao trazermos essas informações, queremos mostrar como é importante a atuação da escola no encaminhamento para solucionar os problemas.
5. A criança
“Quando observamos os sentimentos infantis somente através do estreito olhar do adulto, não conseguimos traduzir as suas mensagens”, Marcos Meira, Educação Infantil no tempo presente (2002).
Estamos sempre em processo de mudanças e na maioria das vezes não percebemos as sinalizações que as crianças estão nos passando e por estarmos “fechados” não conseguimos detectar as “mensagens” que elas querem transmitir. Essas crianças tão espontâneas nas suas atitudes, não são compreendidas, sendo rotuladas como preguiçosas, esquecidas, agitadas, como se estivessem no “mundo da lua”.
Quem é essa criança que se apresenta com um olhar tão assustado? O que ela quer nos dizer? Porque é tão difícil encararmos o que está por trás do sintoma?
Pais, familiares e a escola precisam compreender os diversos aspectos do desenvolvimento infantil para entenderem as suas crianças. Essas crianças são muito inteligentes e criativas e ao lidarmos com elas, percebemos o quanto são amorosas e os determinados “comportamentos” apresentados por elas, não os fazem diferentes das demais.
Relataremos uma das muitas histórias que conhecemos sobre essas crianças ditas “diferentes”: Certa vez perguntou a sua mãe: “Como vamos para o céu?” Logo em seguida respondeu: “Crescendo as pernas”. Como é surpreendente a reação frente aos problemas naturais da vida humana! Outro caso relatado por outra mãe: “Quando crescer vou trabalhar e vou comprar uma casa bem grande com piscina, e só quem vai morar nesta casa é a minha mãe, a minha princesa”. Realmente, estas crianças são fantásticas!
A criança está sempre num processo de criação. A música “Aquarela” de Toquinho expressa muito bem quem é esse ser, nas suas potencialidades. “Numa folha de papel qualquer eu desenho um sol amarelo e com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo... Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel, num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu”...
Essa composição demonstra o quanto é capaz uma criança. Na sua linda imaginação, vai construindo o seu mundo e às vezes “esse mundo” não é compreendido pela família, sociedade e terminam quebrando essa fase de encantamento. Ela se retrai, não expressando mais os seus sentimentos.
A criança que necessita de compreensão está aqui em nossa frente. Seu olhar é um pedido de socorro. É preciso refletir: seja qual for a situação que a criança esteja vivenciando, tanto a família como a escola precisam se unir, procurando uma solução para ajudar essa criança a se libertar dos estigmas, dos rótulos que lhe são atribuídos. Pais e professores precisam estar bem informados sobre o TDAH. Os tratamentos nessa área estão bem adiantados, permitindo que essas crianças tenham uma vida saudável e que seus pais possam ficar mais tranqüilos e sem culpa.
“Tudo na vida tem o seu tempo, o que significa, naturalmente, perceber que também é necessário tempo para ser criança, tempo para aprender a assumir as responsabilidades e, acima de tudo, o tempo que leva uma educação”, como afirma Marcos Meira em seu livro, Educação Infantil no Tempo Presente.
6. Primeira entrevista:
Idade da criança: 13 anos. 2ª série. Escola pública.
Diagnóstico dado pela equipe: Transtorno de Déficit de Atenção.
1 - Em algum momento vocês notaram mudanças no comportamento da criança e se preocuparam em saber as causas prováveis desses sintomas?
Sim. Porque ficava comparando com seu irmão mais velho. Ficava me questionando a mim mesma.
2 – Notaram ou sentiram algumas alterações ou mudanças de comportamento da criança no período que antecedeu o aparecimento dos sintomas?
Sim. Porque achava estranho o comportamento dele em relação aos professores, pois ficava beijando toda hora e eles reclamavam e perguntavam por que ele se comportava daquela maneira.
3 - A criança manifestou para os familiares ou pessoas mais intimas algum sonho ou sonhos, no período que antecedeu o aparecimento dos sintomas? (Sonhos tipo pesadelos).
Não.
4 - Houve algum problema sério com familiares da criança como morte, separação, perda de emprego, etc.
Sim. Houve separação, pois viajei para outro estado, ficando ele com a avó. Nesse período o pai também perdeu o emprego.
5 – A criança já apresentou anteriormente sintoma semelhante, ou mesmo de outra modalidade?
Sim. Pois costumava ficar aéreo, meio desligado. Na escola, a professora dizia que ele não aprendia e nos orientou a procurar uma escola especializada.
6 - Vocês tiveram a preocupação em pesquisar se na família existiam alguns casos, parecidos com o que está acontecendo com o seu filho?
Sim. Porque quando era pequeno tinha convulsão e havia um tio avô por parte do pai que também tinha convulsão. Também o meu irmão nasceu com síndrome de down.
7 - Já passaram por essa situação, como: Isso é de família, ele age assim desde pequeno, isso é uma fase, depois passa...
Não dessa forma, mas, lembro que minha mãe costumava dizer: “ um dia você vai ter um filho e alguém vai lhe dizer que seu filho é maluco, para você sentir na pele”. Ela falava isso porque, quem tomava conta dele quando ela ia trabalhar era eu. Tinha apenas oito anos e às vezes eu queria brincar com outras meninas, colocava ele para dormir e saia para rua. O meu irmão acordava, caia da cama e se machucava. Quando ela chegava que via ele sozinho e chorando, ela me batia e me agredia com palavras.
8 - Já se perguntaram: por que está acontecendo com o meu filho esses comportamentos...
Sim, porque aquelas palavras que ela me disse quando era criança, ficaram na minha mente e quando vi o meu filho com esses comportamentos achava que era castigo. Ficava me questionando: “Será que isto está acontecendo é porque não cuidei tão bem dele, do meu irmão...”
9 - Que atendimentos médicos, psicológicos, etc, têm feito a criança?
Logo no inicio quando apresentou aqueles comportamentos de abraçar e beijar as professoras, a professora não gostava dele, achava que ele era muito bobo. Ele entrou na escola pública com 7 anos. Hoje está sendo acompanhado por uma neurologista, uma Psicóloga, uma fonoaudióloga. Tem melhorado bastante na escola, já consegue prestar atenção nas aulas e nas atividades que são realizadas, tanto na escola, como na clinica. Recentemente ganhou uma medalha do melhor aluno da escola em comportamento.
Fiz esta outra pergunta: Como é o dia a dia de seu filho?
Hoje ele já tem um comportamento bem melhor devido os tratamentos que vem fazendo. Em casa ele é nota mil, porque não dar trabalho algum e está sempre procurando ajudar de todas as maneiras. Se estou lavando roupa, ele quer ajudar, enfim, tudo que estou fazendo ele quer me ajudar.
Fiz mais uma intervenção: A partir de quando vocês notaram a melhora dele?
Quando iniciou o tratamento com a médica começou a tomar remédio, e depois com os tratamentos dos outros profissionais. Na escola senti a mudança quando entrou outra professora e se interessou mais por ele, à escola está mais presente e mais aberta e tem procurado ajudá-lo a vencer as dificuldades. Em casa os irmãos também estão sempre ajudando. Tenho consciência, que a partir do momento que eu e meu marido paramos mais de brigar, ele melhorou bastante. Antes quando a gente brigava, ele chegava na escola brigando e batendo nos colegas. Quando acontecia isso, a professora mandava um bilhete perguntando porque ele estava agindo dessa maneira. Lá na clínica também é feito um grupo de estudo para as mães e agora estou mais tranqüila.
7. Segunda entrevista:
Idade da criança: 9 anos. 3ª série. Escola particular.
Diagnóstico dado pela equipe: Transtorno de Déficit de Atenção
1 - Em algum momento vocês notaram mudanças no comportamento da criança e se preocuparam em saber as causas prováveis desses sintomas?
Sim, sempre notei que meu filho era uma criança muito agitada, inquieta e ansiosa, e que mesmo dormindo apresentava-se agitado. Achava que fosse uma fase e que iria passar, porém, quando ele começou cursar a alfabetização que os sintomas se acentuaram percebi que havia algo errado e que ia precisar de ajuda para entender o que estava acontecendo. Busquei um tratamento espiritual e logo depois um tratamento com um psicoterapeuta para nós dois (mãe e filho). Um dia por acaso conversando com uma amiga sobre criança hiperativa ela me falou de um livro chamado no Mundo da Lua, resolvi comprar e ler, foi quando percebi que o comportamento dele era muito parecido com os relatos no livro sobre crianças com TDAH. Conversei com a psicóloga que já havia percebido e estava aguardando um melhor momento para conversar comigo e encaminhá-lo para um neurologista. Quando levei ao médico o diagnóstico apresentado foi TDAH, porém no grau leve.
2 - Notaram ou sentiram algumas alterações ou mudanças de comportamento da criança no período que antecedeu o aparecimento dos sintomas?
Sim, agitação, e outra característica forte é o esquecimento, perde material escolar (desligado).
3 – A criança manifestou para os familiares ou pessoas mais íntimas algum sonho, ou sonhos, no
período que antecedeu o aparecimento dos sintomas? (sonhos tipo pesadelos ).
Sim, ele relatava que tinha pesadelos com sombras e monstros e ia dormir na nossa cama porque tinha medo.
4 – Houve algum problema sério com familiares da criança, como morte, separação, perda de
emprego, etc ?
Não, houve a morte da avó paterna quando ele tinha 2 anos, porém não observei mudança de comportamento em função dessa morte, porque ele era muito pequeno e não tinha uma relação muito próxima com essa avó. Ela morava no interior e tinha problema de depressão.
5 - A criança já apresentou anteriormente sintoma semelhante, ou mesmo de outra modalidade?
Sim, quando bebê ele teve refluxo o que contribuiu para deixá-lo mais agitado e por volta dos 4 anos ele tinha medo de escuro, muitos pesadelos e ia toda noite para minha cama e finalmente aos 7 anos apresentou gastrite.
6 - Vocês tiveram a preocupação em pesquisar se na família existiam alguns casos, parecidos com o que está acontecendo com seu filho?
Sim, depois que li o livro no Mundo da Lua e respondi alguns questionários da neurologista percebi que o pai tem comportamento parecido com o do meu filho e que alguns irmãos do pai (tios) também têm.
7 - Já passaram por essa situação, como: Isso é de família, ele age assim desde pequeno, isso é uma fase, depois passa...
Sim, já escutei isso do pai, dos familiares do pai e de amigos. Isso é coisa de criança, todo menino é danado, depois passa.
8- Já se perguntaram porque está acontecendo com o seu filho esses comportamentos...
Sim, antes de conhecer os sintomas, pensava, porque logo com meu filho?, justo eu que sou uma pessoa organizada e perfeccionista e gosto de tudo certo e no lugar. Porém, depois de muita leitura, ajuda espiritual e de profissionais especializados, percebi que precisava fazer concessões, ser mais flexível e educá-lo com muito amor. Foi muito bom porque buscando alternativas para melhorar a vida dele terminei descobrindo que eu também estava melhorando a minha vida, como ser humano,como mãe e como esposa e até mesmo como filha.
9- Que atendimentos médicos, psicológicos, etc, têm feito a criança?
Hoje ele está bem, recentemente foi dispensado da terapia e estamos observando o comportamento dele. Ele tem uma rotina estabelecida para facilitar o seu dia a dia e deixá-lo mais tranqüilo. A psicóloga achou que a nossa conduta enquanto pais era muito boa e que o acompanhamento que a família tinha com ele era excelente, por isso é que resolveu dispensá-lo e deixar sobre observação dos pais e no caso de uma alteração no comportamento retornar.
8. Terceira entrevista:
Idade da criança: 8 anos. 1ª série - Escola pública.
Apresenta sintoma de TDAH na visão da professora.
Perguntas Direcionadas aos pais:
1 – Em algum momento vocês notaram mudanças no comportamento da criança e se preocuparam em saber as causas prováveis desses sintomas?
Eu sempre achei normal o comportamento dele. Para mim tudo era coisa de criança. Meu irmão que vivia me dizendo que ele não era igual às outras crianças da idade dele. Ele sempre falava assim: “esse menino não é normal, parece que é até maluco”.
2 – Notaram ou sentiram algumas alterações ou mudanças de comportamento da criança e se preocuparam em saber as causas prováveis desses sintomas?
Nunca parei para observar essas coisas, achava tudo normal, só me dei conta mesmo do problema no dia que meu irmão mandou que levasse ele no médico e ao chegar na escola à professora dele me chamou para conversar sobre o comportamento dele e me fez a mesma recomendação. Foi aí que passei a observar melhor seus comportamentos e buscar ajudar mais ele, querendo entender porque ele era “diferente” dos outros colegas.
3 – A criança manifestou para os familiares ou pessoas mais íntimas algum sonho ou sonhos, no período que antecedeu o aparecimento dos sintomas? (sonhos tipo pesadelos).
Meu filho sempre tem sonhos agitados, mas acho natural. Toda pessoa sonha e tem pesadelos e não acho que seja por causa do seu problema.
4 – Houve algum problema sério com familiares da criança como morte, separação, perda de emprego, etc,?
Moramos só ele e eu, porque o pai dele um dia saiu para comprar alguma coisa e não voltou mais, até a sua família diz não saber onde ele está, mais eu não acredito muito nisso, e sei que isso deixa o meu filho muito triste e magoado. Toda vez que alguém pergunta pelo pai ele diz que sou eu. Antes morávamos com minha família, mas comecei a achar que ninguém tem paciência com ele e também não me dão força para ajudá-lo, aí resolvi morar só com ele.
5 – A criança já apresentou anteriormente sintoma semelhante ou mesmo de outra modalidade?
Sempre achei ele um pouco agressivo, toda vez que se irritava batia. Hoje já não acho que bata tanto assim, acho que seus colegas é que batem toda hora nele pela coisas que ele faz e acaba deixando seus coleginhas aborrecidos.
6 – Vocês tiveram a preocupação em pesquisar se na família existiam alguns casos, parecidos com o que está acontecendo com o seu filho?
Não tenho muito conhecimento sobre o assunto. Só agora é que estou ouvindo falar sobre ele mas, ele tem um outro tio que tem um comportamento bastante parecido com o dele. Algumas pessoas chegam a perguntar se é o pai dele.
7- Já passaram por essa situação, como: Isso é de família, ele age assim desde pequeno, isso é uma fase, depois passa...
Tanto já passei, como já disse essas coisas muitas vezes, pois na verdade achava coisa de criança, só que cada vez mais sinto que ele está agitado.
8 – Já se perguntaram: porque está acontecendo com o meu filho esses comportamentos?
Eu já me perguntei muito. E sofro com isso. Penso também nele crescer assim e ter mais problemas ainda, sofro quando vejo os colegas se afastarem dele e até a própria família.
9 – Que atendimentos médicos, psicológicos e outros, tem feito a criança?
Ele ainda não recebe nenhum atendimento especializado, porque só a pouco tempo que vim me dar conta da real situação dele e estou procurando ajuda, já que não tenho condições de pagar esses tratamentos, mas, quero muito ajudá-lo, porque amo muito meu filho.
Outra pergunta no decorrer da entrevista: Como é a relação dele com os colegas?
É bastante complicado para ele participar das brincadeiras, os coleginhas não querem deixar. Logo chora, briga e acaba ficando irritado e algumas mães também não querem que seus filhos brinquem com ele, dizem que ele é maluco. Nunca levam ele a sério e tudo que ele diz todos riem e começam a fazer brincadeira que deixa ele chateado, sem falar nos apelidos que são muitos.
9. Entrevistas direcionadas aos professores:
1 - Como você lida com uma criança com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) na sua sala de aula?
Acredito que para determinada situação faz-se necessário uma capacitação ou um preparo específico para tal prática, sendo assim, por não ter este preparo, o primeiro passo é muita calma para trabalhar com esta criança, percebendo os seus interesses e assim desenvolver atividades.
2 - Como é o ambiente em sala de aula? O material utilizado é adequado e interessante para todos os alunos?
Apesar da sala ter um espaço confortável, limpo e agradável, não tem muitos materiais e o pouco que tem não é interessante para todos os alunos mesmo sendo adequado para a sua idade.
2 - Se alguns alunos têm dificuldades para entender a matéria, você adapta ou modifica para que todos entendam? No caso do TDAH o que você faz?
As explicações para serem necessárias fazem parte das atividades, mas as crianças sempre desviam a utilização para a sua forma.
3 - Crianças que não prestam atenção as aulas são colocadas em locais diferentes, longe dos objetos que as faz distrair?
De certa forma sim, pois quando deixo perto das demais crianças, acaba se distraindo.
4 - O que você pode fazer dentro do sistema atual para ajudar um aluno que tem TDAH?
Acompanhá-lo para um especialista, aprimorando formas de desenvolver diversas atividades e de forma prazerosa tanto para ele como para todos os outros que estão na sala.
5 - O currículo é flexível e varia de uma aula para outra de acordo com o interesse dos alunos?
Sim, sempre que planejo, acabo alterando ou retirando atividades e fazendo algumas adaptações conforme o processo de desenvolvimento da turma.
6 - Os professores têm autonomia para decidir como agir em relação aos alunos?
Nem sempre, pois não são todos os pais que aceitam determinadas ações.
7 - Como acha que a família pode contribuir no aprendizado do aluno com TDAH?
Levando o mais rápido possível para um psicólogo, e principalmente diretamente de todas as ações da escola e de seus médicos.
Outra pergunta foi feita em relação ao rendimento escolar da criança.
Para mim é muito difícil trabalhar com ele, às vezes perco a paciência e acabo agindo de forma incorreta. Sei que ele tem suas limitações e por isso não consegue acompanhar seus colegas, sei também que tenho culpa nessa situação; na verdade ele está bem distante. Tenho tentado de várias formas mudar esse quadro e às vezes me sinto incapaz por não está conseguindo e vivo me perguntando onde estou errando.
10. Análise das entrevistas com as mães
Analisando as respostas das mães entrevistadas, verificamos em cada uma delas a ocasião que constataram que seus filhos desenvolviam alguns sintomas e a atitude tomada por elas em ajudar seus filhos. Constatamos também, o quanto elas procuravam respostas, uma explicação para o que estava acontecendo.
Em outra característica observada, as três mães relatam que outros membros da família apresentam comportamento parecido, vindo a confirmar o que os autores citados anteriormente, falaram: “Na maioria dos casos há um componente genético e o que a terapia sistêmica fala, também é comprovado”.
No relato da primeira mãe, percebe-se muito bem o vínculo forte da família exercendo influencia na mãe, na crença de que seu filho desenvolvia esse comportamento por “castigo”, originado nas palavras fortes da sua genitora, quando ela ainda tinha oito anos. Izabel Parolin (2005), afirma que cada família tem suas crenças, seus medos, e isso reflete no cotidiano do grupo familiar.
A psicanálise também afirma “A construção de um mundo melhor passa necessariamente pelo aprimoramento das relações entre pais e filhos” (Marcos Aurélio Dias da Silva (2000) em seu livro “ Quem ama não adoece”).
No terceiro caso, a professora da escola é que, verificando o comportamento diferente da criança, orientou à mãe para procurar um médico. Essa mãe relatou de que somente a partir daí, é que ela se deu conta que havia algo estranho com o seu filho. Nos sintomas descritos no desenvolvimento do nosso artigo, falamos que algumas crianças podem estar tendo alguns sintomas de TDAH, e até mesmo tendo dificuldades no seu rendimento escolar, em conseqüência de estarem passando por alguns problemas emocionais. No caso desta criança houve um abandono do pai, como também o afastamento de outros membros da família, pois relata que resolveu morar sozinha com seu filho, mas somente uma equipe multidisciplinar poderá dar o diagnóstico correto.
As entrevistas mobilizaram bastante as mães, principalmente a primeira e a terceira. Notamos na segunda entrevista, uma postura mais esclarecedora da mãe, pois relata que percebeu desde cedo que a criança precisava de ajuda, a partir do momento que começou a ter refluxo e por volta dos quatro anos tinha pesadelo e medo de escuro. Em relação à terceira pergunta, que se refere ao aparecimento de sonhos com pesadelos, no período que antecedeu ao surgimento dos problemas, vem confirmar que os pesadelos e sonhos agitados eram sintomas que a criança estava demonstrando, talvez por ser a mãe mais esclarecida, procurou ajuda tanto em tratamentos espirituais por causa da sua crença, como também começou a fazer análise na abordagem Junguiana.
A terceira mãe agora mais conscientizada, já começa a se dar conta que seu filho precisa de ajuda. A sua fala já é um “pedido de socorro”, diz que a sua família não procura ajudá-la e que se preocupa com o seu futuro, quando ele ficar adulto. Novamente volto o meu foco para a escola. É preciso que a instituição pública tome determinadas atitudes nestes casos, conhecendo lugares onde realizam esses atendimentos para poder enviar a família a buscar ajuda e orientação. Nas instituições particulares já tomam determinadas providencias nessas situações.
11. Análise das entrevistas dos professores
Como é importante a relação do aluno com professor, dele depende também o sucesso do aprendizado do aluno. Essa relação “professor-aluno”precisa ser olhada com muito carinho para podermos entender qual o lugar dele e sua liderança na escola, na comunidade e na sala de aula, como afirma Elizabety Polity (2003) em seu livro Ensinando a Ensinar.
A autora citada fala da importância de uma educação com afeto. Para ela, esse vínculo afetivo é à base de uma estruturação das relações nas questões que se referem às aprendizagens. Ao trazermos essa abordagem, faremos um comentário sobre a fala da mãe na primeira entrevista, ao se referir que a primeira professora costumava dizer que seu filho não aprendia e somente houve um grande progresso, quando iniciou o seu tratamento e mudança de professor. Segundo ela, essa professora se interessou mais por seu filho e ao receber uma medalha de melhor aluno em comportamento na escola, vem comprovar o quanto é importante essa aproximação entre escola e família, principalmente a relação professor-aluno, como afirma também os outros autores citados no artigo. A entrevista desta professora até o presente momento não chegou às nossas mãos, ela ficou de responder em casa e depois nos enviar. A escola nos falou que por motivos pessoais ela se afastou temporariamente da escola.
A professora do segundo aluno não quis responder o questionário alegando falta de tempo. Sabemos que o processo de autoconhecimento não se dá de uma hora para outra. Às vezes, “embutido” numa desculpa pode estar escondido uma resistência nossa. Com esse comentário não estamos afirmando que a professora está com resistência, mas para entendermos o papel do professor precisamos entender como se dá o processo de ensinar.
Conforme Polity (2003), precisamos despertar em nós o desejo de autorizarmos a ensinar. Essa autoridade interna, segundo ela, está ligada a uma “capacidade que outorga ao sujeito, a permissão para no sentir / fazer, poder desempenhar satisfatoriamente aquelas coisas advindas do seu desejo interno”. Portanto, comentando essa fala, nos damos conta que o professor precisa gostar do que faz para poder desenvolver bem a sua prática pedagógica. Como é importante para o professor procurar investir no seu autoconhecimento. Maribel Barreto (2005) em seu livro O papel da consciência em face dos desafios atuais da educação, fala que “a educação é um movimento que acontece de dentro para fora, mais precisamente no gênero humano. Daí a necessidade de investirmos em nossas potencialidades internas”, isso vem confirmar o que Polity (2003), comenta em seu livro, da importância do professor “autorizar-se a ensinar”.
A terceira professora foi muito atenciosa, percebe-se o seu interesse em querer ajudá-lo e se preocupa com a sua aprendizagem, mas às vezes sente-se culpada e impotente por não conseguir resultados satisfatórios em relação ao restante da turma, trazendo alguns questionamentos: “Quem é o culpado? A escola, a família ou a criança”?
Conforme Polity (2003), “é preciso que o professor conheça um pouco do desenvolvimento psíquico da criança à luz da psicanálise e quais suas implicações no processo de aprendizagem, como também que se pense o papel do professor à luz desses conceitos”. Comentando essa fala, é importante que seja abordado nos cursos de formação de professores a disciplina Psicanálise e a Educação, dessa forma o professor terá mais condição de conhecer o seu aluno e os aspectos do desenvolvimento cognitivo da criança, para não acontecer o que esta professora nos relatou, a sua “incapacidade, se sentido culpada”.
12. Configurações finais
A busca do autoconhecimento é fator preponderante para entendermos as situações vivenciadas pelo indivíduo no contexto onde ele está inserido, inclusive as “crianças que necessitam de compreensão”, que é o titulo deste artigo.
Durante todo o desenvolvimento deste estudo, ficamos nos questionando qual seria a melhor forma de abordar essas questões, para os pais que vivenciam essa problemática com os seus filhos que apresentam dificuldades de aprendizagens, ou Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
Ao introduzirmos como uma das palavras-chaves o sintoma, o nosso objetivo foi questionar, chamar à atenção, refletir sobre o significado que ele quer transmitir e que na maioria das vezes não prestamos muita atenção e não damos a devida importância, deixando ele passar despercebido.
O que precisa ser observado nesses comportamentos que a criança está desenvolvendo, é que nem todo sintoma apresentado pode estar querendo dizer que a criança tem dificuldades de aprendizagens, outros fatores pode estar desencadeando, em virtude da família estar passando por algumas crises. Ao nos referirmos ao autoconhecimento, queremos mostrar o quanto é necessário, tanto para as famílias como também para os professores, terem informações que possibilitem ajudar e compreender os sintomas que a criança apresenta.
Precisamos olhar a família como um todo e não somente a criança isoladamente. Sabemos que a família é uma rede de conexão e que as partes estão interligadas ao todo, daí a importância do estudo da família para compreender o grupo onde ela está inserida.
Portanto, quando os pais procuram uma ajuda terapêutica para o seu filho, com certeza vai ajudá-lo a melhorar seu desenvolvimento tanto pessoal como social e tanto a família como a escola, têm papel fundamental na ajuda a esta criança.
Ao analisarmos as entrevistas com as mães e professores, constatamos que, quando a família está conscientizada da situação, aceitando e compreendendo, surgem alternativas para melhorar a qualidade de vida dela e de toda a família. Em relação à escola, podemos perceber o quanto o professor pode ajudar esse aluno. “Ele precisa estar mobilizado no desejo de querer ajudá-lo, e esse “querer” precisa ser despertado internamente, uma permissão para no “sentir / fazer” poder desempenhar satisfatoriamente aquelas coisas advindas do seu desejo interno”, como afirma Elizabeth Polity (2003) em seu livro Ensinando a Ensinar.
Queremos também mostrar a importância da comunicação entre pais, escola e profissionais para ajudar a criança a superar as suas dificuldades e que a mensagem transmitida pelo sintoma seja compreendida por todos.
A criança que necessita de compreensão está nos falando algo, na sua “linguagem simbólica” ela vem nos mostrar o quanto o vínculo é forte e atuante nas relações familiares e que há necessidades urgentes em serem demolidas as “crenças” que tanto influenciam a família e a escola. A teoria sistêmica tanto no âmbito da família, como na instituição escolar, tem trazido grandes contribuições nos estudos da criança com distúrbio de aprendizagem. O estudo da família tem uma grande importância na compreensão do sintoma e, se incluirmos a visão sistêmica nesse estudo, como também a psicanálise e outras abordagens terapêuticas, a criança com certeza será olhada de outras formas.

13. Referências bibliográficas
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* BARRETO, Maribel Oliveira. O papel da consciência em face dos desafios atuais da educação.
1ª ed. Salvador: Satthyarte, 2005.
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* CARROL, Lee , Jan Tober. Crianças Índigos; tradução Yma Vick. São Paulo: Butterfly Editora, 2005.
* FRANKE ,Gricksch Marianne. Você é um de nós; tradução de Décio Fábio de Oliveira Júnior. Patos de Minas: Atman Editora, 2005.
* HELLINGER, Bert. Constelações Familiares. São Paulo: Editora Cultrix, 2001.
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* MONTEIRO, Mara M. Leitura e escrita: Uma análise dos problemas de aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 2004.
* MEIRA, Marcos Antônio. Educação Infantil no Tempo Presente. São Paulo: Érica, 2002.
* PAROLIN, Izabel. Professores formadores: A relação entre a família, a escola e a aprendizagem. Curitiba: Positivo. 2005.
* POLITY, Elizabeth. Ensinando a Ensinar: Educação com afeto. 2. ed. rev. São Paulo: Vetor, 2003.
* SILVA, Ana Beatriz B. Mentes Inquietas: Entendendo melhor o mundo das pessoas distraídas, impulsivas e hiperativas. Ana Beatriz B. Silva. São Paulo: Editora Gente, 2003.
* SILVA, Marcos Aurélio Dias, Quem Ama Não Adoece. São Paulo: Editora Best Seller, 2000.
* SILVER, B. Larry. A Criança Incompreendida. Tradução Jorge Enéas Fortes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1988.

1 comentários:

  1. Muito bom o texto! Parabéns

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