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A aprendizagem e a construção do conhecimento são processos naturais e espontâneos do ser humano que desde muito cedo aprende a mamar, falar, andar, pensar, garantindo assim, a sua sobrevivência. Com aproximadamente três anos, as crianças são capazes de construir as primeiras hipóteses e já começam a questionar sobre a existência.
A aprendizagem escolar também é considerada um processo natural, que resulta de uma complexa atividade mental, na qual o pensamento, a percepção, as emoções, a memória, a motricidade e os conhecimentos prévios estão envolvidos e onde a criança deva sentir o prazer em aprender.
O estudo do processo de aprendizagem humana e suas dificuldades são desenvolvidos pela Psicopedagogia, levando-se em consideração as realidades interna e externa, utilizando-se de vários campos do conhecimento, integrando-os e sintetizando-os. Procurando compreender de forma global e integrada os processos cognitivos, emocionais, orgânicos, familiares, sociais e pedagógicos que determinam à condição do sujeito e interferem no processo de aprendizagem, possibilitando situações que resgatem a aprendizagem em sua totalidade de maneira prazerosa.
Segundo Maria Lúcia Weiss, “a aprendizagem normal dá-se de forma integrada no aluno (aprendente), no seu pensar, sentir, falar e agir. Quando começam a aparecer “dissociações de campo” e sabe-se que o sujeito não tem danos orgânicos, pode-se pensar que estão se instalando dificuldades na aprendizagem: algo vai mal no pensar, na sua expressão, no agir sobre o mundo”.
Atualmente, a política educacional prioriza a educação para todos e a inclusão de alunos que, há pouco tempo, eram excluídos do sistema escolar, por portarem deficiências físicas ou cognitivas; porém, um grande número de alunos (crianças e adolescentes), que ao longo do tempo apresentaram dificuldades de aprendizagem e que estavam fadados ao fracasso escolar pôde freqüentar as escolas e eram rotulados em geral, como alunos difíceis.
Os alunos difíceis que apresentavam dificuldades de aprendizagem, mas que não tinha origens em quadros neurológicos, numa linguagem psicanalítica, não estruturam uma psicose ou neurose grave, que não podiam ser considerados portadores de deficiência mental, oscilavam na conduta e no humor e até dificuldades nos processos simbólicos, que dificultam a organização do pensamento, que consequentemente interferem na alfabetização e no aprendizado dos processos lógico-matemáticos, demonstram potencial cognitivo, podendo ser resgatados na sua aprendizagem.
Raramente as dificuldades de aprendizagem têm origens apenas cognitivas. Atribuir ao próprio aluno o seu fracasso, considerando que haja algum comprometimento no seu desenvolvimento psicomotor, cognitivo, lingüístico ou emocional (conversa muito, é lento, não faz a lição de casa, não tem assimilação, entre outros.), desestruturação familiar, sem considerar, as condições de aprendizagem que a escola oferece a este aluno e os outros fatores intra-escolares que favorecem a não aprendizagem.
As dificuldades de aprendizagem na escola podem ser consideradas uma das causas que podem conduzir o aluno ao fracasso escolar. Não podemos desconsiderar que o fracasso do aluno também pode ser entendido como um fracasso da escola por não saber lidar com a diversidade dos seus alunos. É preciso que o professor atente para as diferentes formas de ensinar, pois, há muitas maneiras de aprender. O professor deve ter consciência da importância de criar vínculos com os seus alunos através das atividades cotidianas, construindo e reconstruindo sempre novos vínculos, mais fortes e positivos.
O aluno, ao perceber que apresenta dificuldades em sua aprendizagem, muitas vezes começa a apresentar desinteresse, desatenção, irresponsabilidade, agressividade, etc. A dificuldade acarreta sofrimentos e nenhum aluno apresenta baixo rendimento por vontade própria.
Durante muitos anos os alunos foram penalizados, responsabilizados pelo fracasso, sofriam punições e críticas, mas, com o avanço da ciência, hoje não podemos nos limitar a acreditar, que as dificuldades de aprendizagem, seja uma questão de vontade do aluno ou do professor, é uma questão muito mais complexa, onde vários fatores podem interferir na vida escolar, tais como os problemas de relacionamento professor-aluno, as questões de metodologia de ensino e os conteúdos escolares.
Se a dificuldade fosse apenas originada pelo aluno, por danos orgânicos ou somente da sua inteligência, para solucioná-lo não teríamos a necessidade de acionarmos a família, e se o problema estivesse apenas relacionado ao ambiente familiar, não haveria necessidade de recorremos ao aluno isoladamente.
A relação professor/aluno torna o aluno capaz ou incapaz. Se o professor tratá-lo como incapaz, não será bem sucedido, não permitirá a sua aprendizagem e o seu desenvolvimento. Se o professor mostrar-se despreparado para lidar com o problema apresentado, mais chances terá de transferir suas dificuldades para o aluno.
Os primeiros ensinantes são os pais, com eles aprendem-se as primeiras interações e ao longo do desenvolvimento, aperfeiçoa. Estas relações, já estão constituídas na criança, ao chegar à escola, que influenciará consideravelmente no poder de produção deste sujeito. É preciso uma dinâmica familiar saudável, uma relação positiva de cooperação, de alegria e motivação.
Torna-se necessário orientar aluno, família e professor, para que juntos, possam buscar orientações para lidar com alunos/filhos, que apresentam dificuldades e/ou que fogem ao padrão, buscando a intervenção de um profissional especializado. Dicas para os pais:
1. Estabelecer uma relação de confiança e colaboração com a escola;
2. Escute mais e fale menos;
3. Informe aos professores sobre os progressos feitos em casa em áreas de interesse mútuo;
4. Estabelecer horários para estudar e realizar as tarefas de casa;
5. Sirva de exemplo, mostre seu interesse e entusiasmo pelos estudos;
6. Desenvolver estratégias de modelação, por exemplo, existe um problema para ser solucionado, pense em voz alta;
7. Aprenda com eles ao invés de só querer ensinar;
8. Valorize sempre o que o seu filho faz, mesmo que não tenha feito o que você pediu;
9. Disponibilizar materiais para auxiliar na aprendizagem;
10. É preciso conversar, informar e discutir com o seu filho sobre quaisquer observações e comentários emitidos sobre ele.
Cada pessoa é uma. Uma vida é uma história de vida. É preciso saber o aluno que se tem como ele aprende. Se ele construiu uma coisa, não se pode destruí-la. O psicopedagogo ajuda a promover mudanças, intervindo diante das dificuldades que a escola nos coloca, trabalhando com os equilíbrios/desequilíbrios e resgatando o desejo de aprender.
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM, QUESTÃO PSICOPEDAGÓGICA?
Como diz João Beauclair enquanto área de conhecimento multidisciplinar interessa a Psicopedagogia compreender como ocorrem os processos de aprendizagem e entender as possíveis dificuldades situadas neste movimento.
Apresentar uma reflexão Psicopedagogica sobre aspectos relativos às dificuldades de aprendizagem, e estabelecer diretrizes para a resolução dessas dificuldades proporcionando o bom desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem.
Analisar o porquê do seu aluno não aprender e quais os fatores que levam o aluno a ter dificuldades no processo de aprendizagem. Na maioria das vezes tendem a procurar um culpado para isso tudo, e o maior crucificado é o meio familiar em que o aluno vive por sua postura e comportamento. Sempre há uma desculpa dos fatores que levam o aluno a ter dificuldades. Preguiça, lentidão ou apenas falta de atenção ou de interesse são algumas delas, que muitas das vezes são usadas pelos educadores como forma de tirar de suas costas a responsabilidade, no entanto, essas desculpas tendem a contribuir para o agravamento dessas dificuldades, deixando o aluno cada vez mais desmotivado a apreender.
A dificuldade de aprendizagem é um tema que deve ser estudado levando-se em conta todas as esferas em que o indivíduo participa (família, escola, sociedade, etc...). Sabe-se que nunca há uma causa única para o fracasso escolar e que também um aluno com dificuldade de aprendizagem não é um aluno que tem deficiência mental ou distúrbios relativos, na verdade, existem aspectos fundamentais que precisam ser trabalhados para obter-se um melhor rendimento em todos os níveis de aprendizagem e conhecimento. Quando falamos de aprendizagem e conhecimento não estamos nos referindo somente a conteúdos disciplinares, mas também a conhecimento e desenvolvimento vital que são tão importantes quanto. Com certeza será a qualidade do ensino ministrado que fará a diferença. A paciência, o apoio e o encorajamento prestado pelo professor serão os impulsionadores do sucesso escolar do aluno, abrindo-lhe novas perspectivas para o futuro.

A escola não pode ser apenas transmissora de conteúdos e conhecimentos, muito mais que isso, a escola tem a tarefa primordial de “reconstruir” o papel e a figura do aluno, deixando o mesmo de ser apenas um receptor, proporcionando ao aluno que seja o criador e protagonista do seu conhecimento. Infelizmente, a aprendizagem, em algumas instituições continua seguindo o modelo tradicionalista, onde é imposta e não mediada, criando uma passividade entre aquele que sabe e impõe e aquele que obedece calado.
É louvável dizer que só conseguiremos mediar as dificuldades de aprendizagem, quando lidarmos com nossos alunos de igual para igual; quando fizermos da aprendizagem um processo significativo, no qual o conhecimento a ser aprendido e apreendido faça algum sentido para o aluno não somente na sua existência educacional como também na sua vida cotidiana.
Dificuldades de aprendizagem

Analisar as dificuldades de aprendizagem no início da alfabetização não é uma questão fácil. Exige uma análise ampla, minuciosa e consciente do educador/professor. Os problemas escolares podem surgir de diferentes situações para cada aluno.
Muitas crianças, em determinados momentos das suas vidas sofrem muito na escola. Outras iniciam bem e depois passam a ter problemas. Essas em sua maioria sentem que não são compreendidas pelo professor ou não compreendem o que é transmitido dentro da sala, pois se dispersam com facilidade.
Em função desses problemas muitas coisas ruins podem acontecer na vida do aluno e prejudicar todo seu futuro.
Vários aspectos podem prejudicar a trajetória escolar de uma criança. Ela pode achar que a escola é um lugar perigoso, frio, assombroso, cheio de pessoas estranhas, que não tem nenhuma ligação com ela, nenhum parentesco, vínculo algum. A escola é um espaço cheio de novidades, com regras, atividades, e elas estão habituadas a fazer apenas o que tem vontade. Há fatores que podem prejudicar e aumentar as dificuldades de aprendizagem são eles: famílias desestruturadas, dificuldades econômicas, problemas cognitivos ou intelectuais, nível sociocultural baixo e problemas orgânicos (ordem física e/ou neurológica). Quanto à prática pedagógica, muitas das vezes o professor trabalha com atividades tediosas e sem graça. Esse é um dado que deve ser levado em consideração. Uma grande parte dos professores não está preparada para lida com alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem, e em vez de ajudá-los procurando cursos de aperfeiçoamento, buscam desculpas, como: aluno desinteressado, indisciplina- do desatento, entre outras.
Percebemos também que alguns professores comprometidos com a educação enfrentam dificuldade de algumas crianças apreenderem o que é ensinado, apesar dos esforços e recursos aplicados para promover a aprendizagem. É normal encontrarmos docentes que se angustiam diante da impossibilidade de fazer com seus alunos obtenham sucesso escolar.
Ensinar crianças com dificuldades de aprendizado não é uma tarefa fácil, requer do professor uma investigação minuciosa de como cada criança aprende. O professor deve estar a par das habilidades e fraquezas de cada criança em todos os aspectos, como: leitura, escrita, percepção, audição, visão e memória. Uma vez entendido como cada criança aprende, todos os tipos de atividades podem ser desenvolvidos de forma a ajudar a criança que possui dificuldades de aprendizado. Normalmente quando falamos de uma criança com problema de aprendizagem, referimo-nos a uma criança com inteligência mediana, sem problemas emocionais ou motores sérios e que pode ver e ouvir dentro dos parâmetros normais, porém, que ainda assim apresenta alguma dificuldade nas atividades habituais.
Pesquisas revelam que a maioria dessas crianças que apresentam dificuldades são meninos, que excedem as meninas em aproximadamente sete por um. Até o momento, não há nenhuma explicação para tal proporção. Estudos estão sendo realizados, porém, muitos acham que deve haver uma explicação ambiental e social para o problema. A maioria das dificuldades de aprendizado causa problemas com soletração ou linguagem escritas e outras com matemática.
Devemos ter em mente que a criança com dificuldade de aprendizagem é normal sob quase todos os aspectos. Nosso trabalho é enfatizar o máximo aquilo que é “normal” e ajudar a criança a descobrir seu potencial pleno.
A compreensão do processo de aprendizado e a adaptação de atividade apropriada ajudarão a alçarmos tal objetivo, não apenas com crianças com problemas de aprendizagem, mas com todas as crianças.
• Jogos e materiais educacionais variados e adequados ao nível de desenvolvimento da criança;
• Em pequenos grupos em sala, trabalhe de forma diversificada, com atividades diferenciadas;
• Elogie cada avanço da criança (estudos revelam que auto-estima é fator fundamental neste processo);
• Procure detectar quais as reais necessidades do grupo e trabalhe em cima disto;
• Vivencie com seus alunos todos os momentos em sala, é fundamental que o professor participe das atividades;
• Chame a família na escola, mostre a importância do acompanhamento escolar do filho;
• Monte sempre atividades atraentes e significativas. Lembre-se: seus alunos necessitam aprender de forma diferente.
Qual o Papel da Escola Frente às Dificuldades de Aprendizagem de Seus Alunos?
As crianças com dificuldades de aprendizagem não são crianças incapazes, apenas apresentam alguma dificuldade para aprender. Incapacidades de aprendizagem não devem ser confundidas com dificuldades de aprendizagem.
As dificuldades de aprendizagem referem-se não a um único distúrbio, mas a uma ampla gama de problemas que podem afetar qualquer área do desempenho acadêmico. As dificuldades são definidas como problemas que interferem no domínio de habilidades escolares básicas, e elas só podem ser formalmente identificadas até que uma criança comece a ter problemas na escola. As crianças com dificuldades de aprendizagem são crianças suficientemente inteligentes, mas enfrentam muitos obstáculos na escola. São curiosos e querem aprender, mas sua inquietação e incapacidade de prestar atenção tornam difícil explicar qualquer coisa a eles. Essas crianças têm boas intenções, no que se refere a deveres e tarefas de casa, mas no meio do trabalho esquecem as instruções ou os objetivos.
A desmoralização e baixa auto-estima podem estar associadas às dificuldades de aprendizagem. A “criança com dificuldades de aprendizagem muitas vezes é rotulada, sendo chamada de “perturbada”, incapaz “ou” retardada”.
Para que uma criança aprenda é necessário que se respeitem várias integridades, como o desenvolvimento perceptivo-motor, perceptivo e cognitivo, e a maturação neurobiológica, além de inúmeros aspectos psicossociais, como: oportunidades de experiências, exploração de objetos e brinquedos, assistência médica, nível cultural, etc.
Os fatores relacionados ao sucesso e ao fracasso acadêmico se dividem em três variáveis interligadas, denominadas de:
• Ambiental
• Psicológica
• Metodológica
• O contexto ambiental engloba fatores relativos ao nível sócio-econômico e suas relações com ocupação dos pais, número de filhos, escolaridade dos pais, etc. Esse contexto é o mais amplo em que vive o indivíduo.
• O contexto psicológico refere-se aos fatores envolvidos na organização familiar, ordem de nascimento dos filhos, nível de expectativa, etc, e as relações desses fatores são respostas como ansiedade, agressão, auto-estima, atitudes de desatenção, isolamento, não concentração.
• O contexto metodológico engloba o que é ensinado nas escolas e sua relação com valores como pertinência e significado, com o fator professor e com o processo de avaliação em suas várias acepções e modalidades.
Em conseqüência do fracasso escolar, devido à inadequação para a aprendizagem, a criança é envolvida por sentimentos de inferioridade, frustração, e perturbação emocional, o que torna sua auto-imagem anulada, principalmente se este sentimento já fora instalado no seu ambiente de origem. Se o clima dominante no lar é de tensões e preocupações constantes, provavelmente a criança se tornará uma criança tensa, com tendência a aumentar a proporção dos pequenos fracassos da vida humana. Se o clima é autoritário, onde os pais estão sempre certos e as crianças sempre erradas, a criança pode se tornar acovardada e submissa com professores, e dominadora, hostil com crianças mais jovens que ela, ou pode revoltar-se contra qualquer tipo de autoridade. Se o clima emocional do lar é acolhedor e permite a livre expressão emocional da criança, ela tenderá a reagir com seus sentimentos, positivos ou negativos, livremente.
O ambiente familiar exerce um importante papel para determinar se qualquer criança aprende bem ou mal. As crianças que recebem um incentivo carinhoso durante toda a vida tendem a ter atitudes positivas, tanto sobre a aprendizagem quanto sobre si mesmas. Essas crianças buscam e encontram modos de contornar as dificuldades, mesmo quando são bastante graves.
O estresse emocional também compromete a capacidade das crianças para aprender. A ansiedade em relação a dinheiro ou mudanças de residência, a discórdia familiar ou doença pode não apenas ser prejudicial em si mesma, mas com o tempo pode destruir a disposição de uma criança para confiar, assumir riscos e ser receptiva a novas situações que são importantes para o sucesso na escola.
As crianças não conseguem acompanhar o currículo estabelecido pela escola e, porque fracassam, são classificados como retardados mentais, emocionalmente perturbados ou simplesmente rotulados como alunos fracos e multirrepetentes.
Rigidez na sala de aula para as crianças com dificuldades de aprendizagem, é fatal. Para progredirem, tais estudantes devem ser encorajados a trabalhar ao seu próprio modo. Se forem colocados com um professor inflexível sobre tarefas e testes, ou que usa materiais e métodos inapropriados às suas necessidades, eles serão reprovados.
As dificuldades de aprendizagem aparecem quando a prática pedagógica diverge das necessidades dos alunos. Aumentam na presença de escolas superlotadas e mal equipadas, carentes de materiais didáticos inovadores, além de freqüentemente contarem com muitos professores “derrotados” e “desmotivados”. A escola não pode continuar a ser uma fábrica de insucessos. Na escola, a criança deve ser amada, pois só assim se poderá considerar útil.
Através da rotina da escola são identificadas algumas queixas comuns as quais em geral são erroneamente confundidas, por desconhecimento, com diagnósticos como agressividade, hiperatividade e desatenção. Esses diagnósticos, quando analisados com o devido cuidado por meio de entrevista com os pais ou responsáveis pela criança, podem revelar dados importantíssimos e que demandam orientações da própria escola.
Os conflitos emocionais interferem muito no rendimento da criança. Cabe a escola, na figura da professora psicopedagoga fazer a “escuta” adequada destas manifestações, considerando o estado geral da criança em seu dia a dia, o contexto familiar em que está inserida e os eventuais problemas familiares que possam estar vivenciando, desde o nascimento de um irmão, a morte de um familiar, uma situação de desemprego, separação dos pais, entre outros problemas.
O fracasso escolar perturba profundamente a criança, pois sofre a pressão da família, dos professores, dos colegas, prenunciando seu insucesso na vida escolar.
A criança deixa o professor sem saber como trabalhar com ela. Ela não aprende, mas não apresenta qualquer incapacidade particular. A recusa em aprender é um ato agressivo diante de seu fracasso e frustração. Ao entrar na escola, a criança perturba-se devido à dificuldade que encontra na transição da família e do aprendizado informal, para o convívio com estranhos e o aprendizado formal.
Algumas questões são métodos inadequados de ensino, falta de percepção, por parte da escola, do nível de maturidade da criança, professores que não dominam determinados assuntos, superlotação das classes, dificultando a atenção do professor para todos os alunos.
Muitas dificuldades de aprendizagem são decorrentes de metodologia inadequada, professores desmotivados e incompreensivos, brigas e discussões entre colegas, entre outras. A escola deve ser a segunda casa do indivíduo, um lugar onde ele possa se sentir bem e entre amigos, contar com a professora sempre que precisar ou sempre que tiver um problema familiar. Se o aluno sente-se a vontade para conversar com a professora e lhe pedir opiniões ou mesmo ajuda é sinal de que as coisas andam bem na relação professor X aluno.
A escola é um dos agentes responsáveis pela integração da criança na sociedade, além da família. Se a criança não se envolve com o grupo ou este não a envolve, começa haver um baixo nível de participação e envolvimento nas atividades e, conseqüentemente, o isolamento que interferirá no desempenho escolar. O comportamento retraído de uma criança no ambiente escolar pode ser interferência do ambiente familiar.
A escola tem uma tarefa relevante no resgate da auto-imagem distorcida da criança além da responsabilidade e competência em desvendar para a criança o significado e o sentido do aprender. É preciso preparar os professores para entenderem seus alunos, diferenciar um a um, respeitar o ritmo de cada um. Escola deve ser um ambiente onde as crianças possam sentir-se bem, amadas e sempre alegres.
A metodologia da escola deve ser adequada, envolvendo seus alunos. E no momento em que surgir algum problema com algum aluno é importante que haja uma mobilização por parte da escola, a fim de que solucionem a possível dificuldade. A escola deve esforçar-se para a aprendizagem ser significativa para o aluno. Com isso todos tem a ganhar a escola, a família e principalmente a criança.
A área da educação nem sempre é cercada somente por sucessos e aprovações. Muitas vezes, no decorrer do ensino, nos deparamos com problemas que deixam os alunos paralisados diante do processo de aprendizagem, assim são rotulados pela própria família, professores e colegas.
É importante que todos os envolvidos no processo educativo estejam atentos a essas dificuldades, observando se são momentâneas ou se persistem há algum tempo.
As dificuldades podem advir de fatores orgânicos ou mesmo emocionais e é importante que sejam descobertas a fim de auxiliar o desenvolvimento do processo educativo, percebendo se estão associadas à preguiça, cansaço, sono, tristeza, agitação, desordem, dentre outros, considerados fatores que também desmotivam o aprendizado.
A dificuldade mais conhecida e que vem tendo grande repercussão na atualidade é a dislexia, porém, é necessário estarmos atentos a outros sérios problemas: disgrafia, Discalculia, deslalia, disortográfica e o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade).
O aluno com dificuldade de aprendizagem sente-se rejeitado pelos colegas
- Dislexia: é a dificuldade que aparece na leitura, impedindo o aluno de ser fluente, pois faz trocas ou omissões de letras, inverte sílabas, apresenta leitura lenta, dá pulos de linhas ao ler um texto, etc. Estudiosos afirmam que sua causa vem de fatores genéticos, mas nada foi comprovado pela medicina.
- Disgrafia: normalmente vem associada à dislexia, porque se o aluno faz trocas e inversões de letras conseqüentemente encontra dificuldade na escrita. Além disso, está associada a letras mal traçadas e ilegíveis, letras muito próximas e desorganização ao produzir um texto.
- Discalculia: é a dificuldade para cálculos e números, de um modo geral os portadores não identificam os sinais das quatro operações e não sabem usá-los, não entendem enunciados de problemas, não conseguem quantificar ou fazer comparações, não entendem seqüências lógicas e outros. Esse problema é um dos mais sérios, porém ainda pouco conhecido.
- Dislalia: é a dificuldade na emissão da fala, apresenta pronúncia inadequada das palavras, com trocas de fonemas e sons errados, tornando-as confusas. Manifesta-se mais em pessoas com problemas no palato, flacidez na língua ou lábio leporino.
- Disortografia: é a dificuldade na linguagem escrita e também pode aparecer como conseqüência da dislexia. Suas principais características são: troca de grafemas, desmotivação para escrever, aglutinação ou separação indevida das palavras, falta de percepção e compreensão dos sinais de pontuação e acentuação.
- TDAH: O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um problema de ordem neurológica, que trás consigo sinais evidentes de inquietude, desatenção, falta de concentração e impulsividade. Hoje em dia é muito comum vermos crianças e adolescentes sendo rotulados como DDA (Distúrbio de Déficit de Atenção), porque apresentam alguma agitação, nervosismo e inquietação, fatores que podem advir de causas emocionais. É importante que esse diagnóstico seja feito por um médico e outros profissionais capacitados.
Professores podem ser os mais importantes no processo de identificação e descoberta desses problemas, porém não possuem formação específica para fazer tais diagnósticos, que devem ser feitos por médicos, psicólogos e psicopedagogos. O papel do professor se restringe em observar o aluno e auxiliar o seu processo de aprendizagem, tornando as aulas mais motivadas e dinâmicas, não rotulando o aluno, mas dando-lhe a oportunidade de descobrir suas potencialidades.

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VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

1 comentários:

  1. SEU BLOG É EXCELENTE
    PARABÉNS !!!
    OS CONTEUDOS SÃO BASTANTE RICO ..

    ABRAÇOS

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