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Depois de mais de dez anos publicando artigos e livros específicos sobre os distúrbios de aprendizagem, ainda deparo-me com muitos profissionais desinformados, pregando a "troca de letras" e a imaturidade emocional como características dos distúrbios de aprendizagem. E não só afirmam, como alguns têm a coragem e, por que não dizer, a ignorância de publicar artigos afirmando isso.

A partir daí, cria-se a confusão, algum "desavisado" lê o artigo, acha que está corretíssimo (por que não tem parâmetros para divergir da publicação), sai divulgando o artigo e, logo, uma grande massa está repetindo erradamente um conceito, no mínimo, ultrapassado. Isso quando o "corajoso autor" não participa de algum programa televisivo e dispara a vender livros, ai sim é que o assunto distorce a proporções estratosféricas.

Antes de mais nada, são inúmeros os distúrbios de aprendizagem, ao contrário do que muitos insistem em afirmar, não existem somente "Dislexia", "Disgrafia", "Discalculia" e "DDA" que até hoje é confundido com TDAH. Além desses, são muitos os distúrbios, alguns com sintomas parecidos e, por isso, necessitando de uma grande experiência e sensibilidade do profissional que se propõe a atender os pacientes, pois, em alguns casos, um único detalhe, um sintoma a mais ou a menos, pode mudar totalmente o diagnóstico e, conseqüentemente, o tratamento e método a seguir.

Torna-se impossível elucidar todo o assunto em apenas um artigo. É, de fato, impossível descrever todos os sintomas e tratamentos específicos de cada sintoma, para isso, tenho três livros que indicarei ao final dessa matéria para que o leitor tenha uma boa base. Mas, neste artigo é possível que eu, ao menos, esclareça o básico dos distúrbios de aprendizagem.

O principal fator a esclarecer é a questão psicológica. Não há dúvidas de que portar algum distúrbio seja ele de aprendizagem ou de comportamento torna o indivíduo mais sujeito à baixa auto-estima, timidez ou hiperatividade e outras "reações" relacionadas ao distúrbio, mas, daí a sair acreditando que o fator psicológico possa, sozinho, influenciar um distúrbio significativo de aprendizagem é, no mínimo, imaturidade de quem crê e não do paciente.

Deve-se levar em conta que, quem apresenta um distúrbio, geralmente, tem o fator psicológico abalado e necessita mesmo de acompanhamento, mas, este, deve ser um dos acompanhamentos, aliado ao tratamento do distúrbio em si e não como, erradamente, se prega, como tratamento único, como se apenas passar por sessões de análise ou de terapia pudesse sanar qualquer distúrbio.

Especificamente falando dos distúrbios de aprendizagem, excluindo-se os de origem psicológica que são, geralmente, a minoria, na realidade a grande maioria dos casos é, comprovadamente, causada por algum fator neurológico, ocasionado por situações de privação de oxigênio (anoxia) seja perinatal (ou neonatal) seja por algum outro acidente e outros fatores que não cabem serem citados neste artigo que pretende ser introdutório.

Partindo-se deste princípio, surge o psicopedagogo que deve (ou deveria) entender isso a fundo e estar apto a detectar os diferentes sintomas de cada distúrbio e, feito isso, saber encaminhar os pacientes aos respectivos profissionais (neurologista, neuropsicólogo, psiquiatra, entre outros, dependendo da gravidade do caso). E, a partir daí, o psicopedagogo poderia sim, tratar o referido paciente usando as técnicas psicopedagógicas que aprendeu na faculdade, mas nunca imaginando que sejam suficientes de forma isolada.

O psicopedagogo deve saber trabalhar em conjunto com outros profissionais tendo consciência de que só poderá usar de recursos como jogos e terapias específicas e, sempre em conjunto com outro profissional, nunca de forma isolada, achando que somente tratando o fator psicológico obterá bons resultados.

Neste ponto vale lembrar que muitos casos citados e tratados como distúrbios, na verdade são quadros normais a alguma faixa etária, ou seja, o que parece distúrbio, é um comportamento normal em determinada idade, a medida em que a criança cresce, amadurece, passa a não apresentar mais os "sintomas" e o profissional despreparado (ou charlatão, mesmo) fica com a fama de ter "curado" o paciente. Da mesma forma, há casos tão graves que, depois de um período crítico, estacionam, dando a impressão de "cura", ao interromper-se o tratamento imaginando esta cura, erra-se cegamente, pois, os sintomas podem voltar a qualquer momento, até anos depois de forma muito mais incontrolada. Está ai o grave erro de se detectar tudo como psicológico ou acreditar que um distúrbio não detectado por exames comuns seja inofensivo.

Este é um assunto muito complexo e extenso, impossível, esclarecer num único artigo. Por isso vou recomendar alguns livros de minha autoria (confio no que pesquiso, comprovo, escrevo e publico, por isso, indico meus livros)..

São eles: "Problemas de aprendizagem na pré escola", que mostra o que é normal, problemático e distúrbio no desenvolvimento de crianças de zero a cinco anos "A escola produtiva" e "Distúrbios de aprendizagem/comportamento" que são verdadeiros dicionários dos distúrbios de aprendizagem, mostrando sintomas e tratamentos específicos de cada distúrbio. Alguns títulos estão esgotados em livrarias, mas ainda é possível encontra-los na Editora WAK
Lou de Olivier
http://www.loudeolivier.com.br/materias/disturbios_aprendizagem.htm

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