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DADOS DA INSTITUIÇÃO

“Teatro vem do grego, ‘théatron’, que significa panorama (lugar de onde se vê), ou seja, é o lugar onde as pessoas se reúnem com um objetivo em comum: assistir ao espetáculo. Nesse momento, o ator pode ser quem quiser, quando quiser, onde quiser... O público tem liberdade para analisar, se emocionar e até se pronunciar... Ocorre, então, a cumplicidade de palco e público... Tudo isso é mágico, fantástico, algo que somente o teatro pode proporcionar por completo. (...).”
(CECCONELLO, Marielle)

O TEATRO
Assim como o teatro, a escola precisa ser um espaço que proporcione ao alunado a liberdade para se emocionar, para criticar, para criar: criar sua própria história, criar sua arte, criar seu próprio conhecimento... Onde escola (direção, professores, funcionários, comunidade, família) e alunos, interagindo e se inter-relacionando, formem um elo de cumplicidade, tornando o espaço escolar mágico, prazeroso e o aluno... o aluno ser ele mesmo: autêntico, consciente, gente... gente que sente, que fala, que grita, que chora, que rir: aluno na sua maior essência – PESSOA HUMANA.
Pensando nisso, fizemos da Creche Casulo Sonhar Juntos o nosso “teatro”.
A creche atende a crianças de 2 a 4 anos de idade, que moram na sede. Está situada na Avenida Presidente Vargas, s/n, centro, na cidade de Quijingue – BA, numa casa alugada. O espaço usado para o lazer das crianças é muito pequeno.
O espaço físico consta de: 05 salas, funcionando com 07 turmas – duas salas grandes que funcionam com duas turmas ao mesmo tempo, sem nenhuma divisória, com professoras diferentes e três salas pequenas com uma turma cada (as turmas variam entre 13 e 15 crianças).
As crianças são as personagens protagonistas do nosso “teatro”. O protagonista da história, geralmente, é um herói ou uma heroína que vive grandes aventuras e vence muitos obstáculos.

Esses são os nossos verdadeiros heróis.

01 secretaria onde as coordenadoras, pedagógica e administrativa, executam as atividades burocráticas e pedagógicas; 01 cantina onde as crianças fazem as refeições - é um espaço pequeno; 01 cozinha; 01 espaço coberto onde fica o filtro de água e se colocam tapetes para as crianças brincarem; 01 sala pequena que serve para guardar materiais de uso dos alunos; 02 banheiros que são de uso tanto dos meninos quanto das meninas. Não tem banheiro para as professoras; 01 pequena área de circulação externa, internamente não há área de circulação. A conservação do espaço é boa, mas com pouca ventilação mesmo os ambientes não sendo forrados; o telhado é de cerâmica.

O quadro de pessoal é formado por: nossas personagens secundárias – são aquelas que participam da história auxiliando e enriquecendo as cenas.

01 coordenadora pedagógica, 01 coordenadora administrativa, 08 professoras, sendo que uma dessas professoras fica de apoio com mais 01 auxiliar para todas as turmas, 02 cozinheiras e 03 auxiliares de serviços gerais, perfazendo um total de 16 funcionários.

APRESENTAÇÃO

APRESENTANDO O ESPETÁCULO

“Os Saltimbancos
“A escola é meio.
A escola não é fim.
O fim da escola é a sociedade.
O fim da sociedade é a humanidade, com toda carga semântica
que esta palavra sugere no tempo e no espaço.
O fim escolar, pois, é estar bem em convivência, em sociedade.
Assim, a aprendizagem vem da interação. O que a escola deve
ensinar é a estratégia de interagir, de aprender na socialização
de idéias e opiniões, para que o aluno, desde cedo, se prepare
para ação no meio social.
É a vida social, a verdadeira escola de tempo integral.”
(Vicente Martins – baseado na LDB)

Segundo os pensadores Henri Wallon, Lev Vygotsky e Jean Piaget, o desenvolvimento humano não resulta da ação isolada de fatores genéticos, tampouco de fatores ambientais – fatores esses, que agem controlando o comportamento do indivíduo, e sim, a partir das vivências e trocas que os sujeitos estabelecem entre eles mesmos e o meio durante toda a sua vida.
Cabe a escola favorecer um ambiente que propicie aos educandos um convívio coletivo saudável, estimulando-os através de atividades lúdicas, como jogos, brincadeiras onde representam a vida real, a aprender com os colegas, a se relacionar bem com o outro e com o diferente.
Usar o lúdico como meio de interação é uma forma de auxiliar os educadores a tornarem as suas aulas mais atraentes, mais prazerosas onde as crianças através de brincadeiras e jogos vão aprendendo a respeitar seus limites e as limitações do outro e, conseqüentemente, a conviver em sociedade.
Diante disso é que foi escolhido trabalhar o teatro, onde “palco” (atores) e “público” (alunos) se interagem de forma lúdica, e as crianças se conhecem, se integram e se alegram.
Nesse contexto, mais do que aprender a conhecer, a psicopedagogia nos ensina a aprender a ser (LIMA, 2003), pois o comportamento humano agrega um conjunto de situações abstratas oriundas do próprio ser, adquiridas ao longo do tempo – passado e presente, e da interação do ser com o outro. Assim, através da psicopedagogia, busca-se as causas que dificultam a interação entre as crianças que vem refletir na dificuldade de aprender, com o objetivo de propor alternativas que propiciem as mesmas a descobrirem sua própria identidade e a identidade do outro – ser e conviver e a construírem seus próprios conhecimentos.

JUSTIFICATIVA
O teatro, o espetáculo, as personagens, os atos, as cenas...
É na convivência com as pessoas que se possibilita conhecer seus hábitos e costumes, onde as culturas se interagem e associados criam semelhanças em comum. São as relações interpessoais que influenciam nos aspectos sociais; no entanto, conhecer o outro ou a si mesmo não é tarefa fácil. Nesse aspecto, o lúdico faz-se necessário uma vez que propicia contentamento na vida através de sua satisfação pessoal e quando o sujeito está satisfeito com a sua própria vida, está também aberto para aceitar o outro, com toda sua diversidade, em seu contexto social.
O lúdico exerce um papel importante na interação entre os sujeitos, possibilitando a valorização do indivíduo e seu desenvolvimento intelectual.
Diante disso, foi que se pensou em usar o teatro como intervenção psicopedagógica na instituição, pois o teatro na educação dá ao aluno a oportunidade de se valorizar e de se integrar a um grupo, enaltecendo o seu senso de responsabilidade, onde o sucesso do trabalho acontece devido à soma dos esforços de todos, propiciando o desenvolvimento de cada um e de todo grupo, respeitando e complementando as diferenças.

OBJETIVOS


INSPIRAÇÃO

GERAL:
• Refletir a cerca do homem diante das relações interpessoais, promovendo, de forma lúdica, a interação de bem estar, satisfação e compreensão do outro, para daí conhecer-se melhor enquanto sujeito e conviver bem em sociedade.


ESPECÍFICOS:
• Valorizar a interação entre os sujeitos através da ludicidade.
• Refletir as relações interpessoais, permitindo desvendar as reações diante das situações cotidianas e integrar valores para o meio social e boa convivência.
• Buscar a integração dos valores como forma de fortalecimento na convivência com o outro.


Inspiração: a peça teatral tem sua idéia central, relativa a um tema; seu título e todas as cenas devem guardar uma relação clara e objetiva com essa idéia. (...) O público quer passar por emoções de simpatia e também de auto-estima e interação.
(Rubens Queiroz Cobra)

RELATÓRIO DE CONCLUSÃO DIAGNÓSTICO
Procedimentos Metodológicos

ATOS E SENAS
“A peça de teatro divide-se em Atos e Cenas. Os Atos se constituem de uma série de cenas interligadas por uma subdivisão temática. As Cenas se dividem conforme as alterações no número de personagens em ação (...). O cerne ou medula de uma peça são os diálogos entre as personagens.”
(COBRA, Rubens Queiros)

Para promover o diálogo e a interação entre os sujeitos e, para melhor conhecê-los em seu convívio coletivo, foram necessárias algumas ações interventivas voltadas para o teatro, para o representar, como também algumas atividades individuais, envolvendo a coordenação motora – Atos.
Na prática das atividades propostas, procurou-se estimular o pensar, o dialogar e o interagir entre os sujeitos.

Cena I

Abertura às 9:20h, com a apresentação do grupo teatral “Triunfo”, apresentando a peça “Os Saltimbancos”. As crianças ficaram maravilhadas, deslumbradas. Participaram com os olhares, com as emoções.

Professores e crianças assistiam à peça com atenção. Todos sentados em tapetes acompanhavam cada movimento das personagens, inclusive balançavam-se ao som da música. Surpresos e atentos a tudo...
Cena II
Às 9:50h as crianças voltaram para as suas salas de aula, depois que se acomodaram, foi realizada a 1ª oficina: “O retrato de si”.
Nesta oficina, as crianças desenharam livremente, no papel metro branco, o retrato de si, do colega que mais gosta, da professora e da escola. Esta atividade foi com a finalidade de observar como a criança ver essas “personagens”.
Na realização desta atividade foi observado que as crianças não apresentam afinidades com o lápis. Elas não desenharam praticamente nada, fizeram apenas alguns rabiscos.
A coordenação pedagógica informou, posteriormente, que a creche não utiliza mais as “atividades de coordenação motora”, só trabalha com o corpo da criança através de jogos como, por exemplo, jogar bola.
Cena III
As crianças sentaram em um semicírculo e se preparam para a 2ª oficina: “A arte de encenar é um espelho”.
Esta oficina teve como objetivos, despertar a criança para a valorização de si e encontrar-se consigo e com seus valores.
Com um espelho escondido no fundo de uma caixa, as crianças foram convidadas a conhecer a pessoa mais importante para cada uma delas; alguém a quem deveriam dedicar maior atenção, carinho e amor.
As crianças iam olhar a caixa com muita curiosidade; como foram orientadas para não revelarem quem estava dentro da caixa, guardavam segredo e quando um voltava do lugar onde se encontrava a caixa, o outro já ficava ansioso para ir. Depois falaram sobre o que viram, sobre elas mesmas. Algumas crianças não falaram nada. Na verdade tinham dificuldade para falar – eram muito tímidas e pouco motivadas para falar.
Logo em seguida, foi contada a história de “Branca de Neve”, pela psicopedagoga Maria do Carmo, através de slides no data show. Poucas crianças, realmente, prestaram atenção, apresentando um tempo de concentração maior, outras perdiam a concentração muito rápido, mesmo as imagens projetadas na parede sendo novidade.
Depois de explorada a história, foi feita a “atividade do espelho sem fundo”, onde as crianças, duas em duas, se olhavam e viam as semelhanças e diferenças entre elas. Em seguida, encenaram uma parte da história, ao modo delas, em que a madrasta malvada conversava com o espelho mágico.

Cena IV
A surpresa! Emília visita as crianças... Na 3ª oficina; “A capacidade criadora”, Emília – psicopedagoga Delma Rocha – conta as fábulas de Monteiro Lobato: “A cigarra e a formiguinha boa” e “A cigarra e formiguinha má”, com o objetivo de as crianças diferenciarem o “bom” do “mau”.
As crianças ficam maravilhadas com a Emília... Elas comentam sobre as duas versões da fábula; só que não entendem o que é ser “boa” e ser “má”. Quando perguntado se elas gostaram mais da formiguinha boa ou da formiguinha má, responderam, com insegurança, que da má, da boa... e quando perguntado o que era ser “má”, não sabiam dizer. Explicamos sobre o assunto... A verdade é que eles estavam tão encantados pela Emília, que não prestavam atenção no que era falado.
As crianças não conseguiram recontar a história.

Ao final das oficinas, percebe-se a necessidade de mais uma visita para avaliar a coordenação motora das crianças. Para tanto, foram realizadas algumas atividades (em anexo).

RECURSOS

CENÁRIO
O cenário compõe elementos físicos e virtuais que determinam o espaço físico, como também os objetos de seu interior: cores, texturas, estilos, mobiliários...

Os recursos utilizados na realização das atividades interventivas estavam coerentes com os objetivos. A relação que se segue inclui também os materiais usados na confecção dos recursos didáticos que serviram de suporte para a realização das atividades planejadas: duplex, tesoura, estilete, isopor, caixa, espelho, cola, computador, data show, aparelho de som, CD de músicas, câmera digital, fotocópias, fita adesiva, lápis de cores, lápis preto, papel oficio, papel metro branco, malhas pretas e azul, tapetes, colchonetes...

CULMINÂNCIA
FINAL FELIZ
“O final feliz precisa ser crível, aceitável para os espectadores como a melhor opção, ou como desfecho claro e compreensível que satisfaz de modo inteligente ao suspense, traz o alívio que dissipa as tensões do clímax, e espalham sentimento de compensação plena na platéia” (Rubem Queiroz Cobra)

É chegada a hora da despedida. A 4ª e última oficina é só festa: “A criança e o espaço corporal”. Ao som da música “Desengonçada” de Bia Bedran, as crianças dançam e representam o que se pede, com um pouco de dificuldade, mas tentam.

O encontro foi finalizado com a entrega das lembrancinhas para cada criança, contendo um lápis preto, uma borracha, uma caixinha surpresa com balas, e um livrinho com diversas atividades de coordenação motora e um delicioso almoço.
Tanto as crianças quanto os adultos ficaram felizes com o encontro e com as lembranças.

AVALIAÇÃO
MICRO-RUBRICAS SUBJETIVAS
“As micro rubricas subjetivas interessam principalmente aos atores: descrevem os estados emocionais das personagens e o tom dos diálogos e falas” (Rubem Queiroz Cobra)
O momento da avaliação foi muito proveitoso, onde as análises expressam as condições de confronto vividas por todos: o momento de interação, as falas, a desenvoltura na resolução dos problemas levantados, e as soluções elaboradas a partir dos elementos inseridos nas situações de aprendizagem.
A avaliação foi centrada no processo pedagógico, pois a intenção era perceber o nível de desenvolvimento real da criança, sua relação e integração com o outro no seu convívio social.
As ações psicopedagógicas foram avaliadas constantemente para que seus efeitos pudessem ser observados, e re-significados, servindo de indicadores para as intervenções posteriores.
Para tanto, a avaliação indicada foi a diagnóstica, permitindo que personagens protagonistas – alunos e personagens secundárias – professoras e demais segmentos da escola estejam envolvidos e integrados em relações saudáveis que irão favorecer a busca de melhores estratégias na resolução das dificuldades apresentadas, pois avaliar é, sobretudo, pautar as mudanças que precisam ser feitas (AROEIRA,1996,154), em prol de uma aprendizagem significativa e a inserção dessas crianças na sociedade.

REFERÊNCIAS
HAETINGER, Max Günther. Universo criativo da criança na educação. 4ª edição.Porto Alegre: Criar, 2005.

AROEIRA, Maria Luísa Campos. Didática de pré-escola; vida criança: brincar aprender / Maria Luísa C. Aroeira, Maria Inês B. Soares, Rosa Emília de A. Mendes. – São Paulo: FTD, 1996.

FAGALI, Eloisa Quadros. Psicopedagogia institucional aplicada:Aprendizagem escolar dinâmica e construção na sala de aula / Eloisa Quadros Fagali e Zélia Del Rio do Vale. Petrópolis, RJ: Vozes, 1993.

BEAUCLAIR, João. Para entender psicopedagogia: perspectivas atuais,desafios futuros. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Wak Editora,2007.

WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia Clinica: uma visão diagnostica dos problemas de aprendizagem escolar. 12ª ed.Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.


SÁNCHEZ-CANO, Manoel.Avaliação Psicopedagógica / Manoel Sánchez-Cano, Joan Bonals organizadores; tradução Fátima Murad.Porto Alegre:Artmed,2008.

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