twitter
rss


A educação é um importante instrumento de inteirar o homem com o seu meio social, pois possibilita a compreensão da sua realidade. Nesse processo, a escola desempenha papel fundamental na transmissão dos valores culturais.

Você sabia que podemos construir uma visão de mundo melhor baseando-nos no respeito às diferenças é promovendo uma relação desafiadora entre a Antropologia Cultural e a Educação?

Podemos perceber que existem distâncias entre a Antropologia Cultural e a Educação no que se refere ao método, mas também existem proximidades em relação ao objeto: ambas as disciplinas trabalham com modos de ser, viver e habitar dos grupos sociais. É este ponto comum que se torna interessante para trabalhar em sala de aula.

O educador, através dos métodos antropológicos (pesquisa de campo e da observação participante), pode promover o dialogo de respeito à diversidade cultural, abordando temáticas que envolvam as transformações e os conflitos sociais, a moral e ética, questões relacionadas ao gênero, a etnia e ao trabalho...

Cultura e História

Vimos que cultura tem vários significados. Dentre eles encontramos para definir o que é cultura a idéia tanto de valores e padrões de comportamento de uma sociedade quanto de civilização e progresso, lembra?

Pois bem, podemos afirmar que cada grupo social possui sua história e, consequentemente, produz sua própria cultura. O importante ao estudar o processo histórico dos grupos sociais é perceber que cada um, enquanto produtor de cultura tem sua especificidade e seu valor.

Assim, não podemos usar "chavões" para entender a cultura do outro. Devemos procurar entender cada cultura na sua particularidade, evitando comparações como "a minha é a melhor".



ANTROPOLOGIA

A Antropologia é uma ciência que se preocupa em conhecer o homem em sua completude, ou seja, seus traços biológicos e socioculturais. Ela é, pois, o estudo do homem com suas culturas e histórias, suas linguagens, valores, crenças ou hábitos. O termo Antropologia tem sua origem na palavra que vem do grego anthropos, homem e logos, razão, pensamento.

São duas as áreas de seu interesse: a Antropologia Biológica ou Física e a Antropologia Cultural ou Social. A Antropologia Biológica tem sua essência e dedicação aos aspectos biológicos do homem, enquanto a Antropologia Cultural cuida de observar e estudar as condutas dos seres humanos pertencentes a uma mesma cultura, ou seja, a produção humana ao longo do tempo.



Noção Antropológica de Cultura

Certamente, você já ouviu falar em cultura. Creio que você já percebeu que esse termo suscita muitas interpretações, não é mesmo? Se formos buscar um conceito para essa palavra no velho e conhecido dicionário Aurélio, vemos, entre os citados, como sendo ato, efeito ou modo de cultivar. Esta idéia originária de fazer brotar, crescer e desenvolver aparece no final do século XI como sinônimo de agricultura. Podemos também extrair desse conceito como sendo a ação que conduz à realização de alguma coisa ou de alguém; e isto não é legal perceber?

Bom, historicamente, a palavra cultura assumiu outros significados: no século XVIII a palavra cultura ressurge, mas como sinônimo de um outro conceito; tornando-se sinônimo de civilização. Ela tornou-se o padrão ou o critério que mede o grau de civilização de uma sociedade. Assim, a cultura passou a ser encarada como um conjunto de práticas (artes, ciências, técnicas, filosofia, ofícios) que permitam avaliar e hierarquizar as sociedades segundo um grau de evolução/ progresso.

No século XIX, quando se constitui a Antropologia como um ramo das ciências humanas, os antropólogos por tomarem a noção de progresso vinda do século XVIII, precisaram estabelecer um padrão para medir a evolução ou o grau de progresso cultural das sociedades. Sabe qual foi esse padrão? O europeu! Todos os grupos sociais que não atingissem os critérios europeus de estado, mercado, escrita eram considerados atrasados, primitivos culturalmente.

A partir da segunda metade do século XX, o conceito de cultura expande-se. Passa a ser entendida como produção e criação da linguagem, da religião, dos instrumentos de trabalho, das formas de lazer, da música, da dança, dos sistemas de relações sociais. A cultura passa a ser compreendida como o campo no qual a sociedade inteira participa elaborando seus símbolos e seus signos, suas práticas e seus valores.

Mas você deve estar se perguntando: O que é a cultura do ponto de vista antropológico?

A primeira definição formulada do ponto de vista antropológico aparece com Edward Tylor, na sua obra Primitive Culture (1871). Cultura, para Tylor, é o comportamento aprendido, tudo que independe de uma transmissão genética. Ele procurou demonstrar que ela pode ser objeto de estudo sistemático, pois possui causas e regularidades e, assim, permitindo um estudo objetivo capaz de levar a formulação de leis sobre o processo cultural.

Bem, após passear por algumas interpretações acerca da cultura, inclusive na visão antropológica historicamente construída, podemos entender que ela, hoje, aparece enquanto um conjunto de normas que permeiam o relacionamento dos indivíduos em um grupo social e nos diz como ele pode e deve ser classificado. Neste conceito também se insere as produções originais do homem (artesanais, artísticas e religiosas...). A cultura, do ponto de vista antropológico, é um instrumento para compreender as diferenças entre os homens e as sociedades.


Desde a antiguidade, tem-se tentado explicar as diferenças de
comportamento entre os homens, a partir das diversidades genéticas ou
geográficas. As características biológicas não são determinantes das diferenças
culturais: por exemplo, se uma criança brasileira for criada na França, ela
crescerá como uma francesa, aprendendo a língua, os hábitos, crenças e valores
dos franceses.
Podemos citar, ainda, o fato de que muitas atividades que são
atribuídas às mulheres numa cultura são responsabilidade dos homens em outra. O
comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado, de um processo chamado
endoculturação ou socialização. Pessoas de raças ou sexos diferentes têm
comportamentos diferentes não em função de transmissão genética ou do ambiente
em que vivem, mas por terem recebido uma educação diferenciada. Assim, podemos
concluir que é a cultura que determina a diferença de comportamento entre os
homens. O homem age de acordo com os seus padrões culturais, ele é resultado do
meio em que foi socializado.
Para Edward Taylor, 1871: Cultura é o todo complexo que
inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra
capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade. Taylor
foi o primeiro a formular o conceito de cultura do ponto de vista antropológico
da forma como é utilizado atualmente.
A cultura é
um processo acumulativo. O homem recebe conhecimentos e experiências acumulados
ao longo das gerações que o antecederam e, se estas informações forem adequada
e criativamente manipuladas, permitirão inovações e invenções. Assim, estas não
são o resultado da ação isolada de um gênio, mas o esforço de toda uma
comunidade.
A existência humana é marcada pela cultura e é ela a própria
fundamentação da humanidade. Cultura é criação/ aprendizagem/ criação. É
modificada, enriquecida, num processo constante, consciente e inconsciente, por
acaso e por necessidade. Por isso a cultura marca, registra e pauta as condutas
humanas.